Na Capeleira existe uma casa onde algo terrivel aconteceu...a casa da familia Avelar...ninguém quer viver perto dela. A antiga aldeia caiu em ruinas e desapareceu mas o mal dizem que permaneceu...e que vivem lá demónios.
Em 1856 um homem voltava de uma jornada a uma das aldeias vizinhas onde foi fazer trocas comerciais. Tendo levado mais tempo do que seria esperado e com a noite a cair sobre si viu-se obrigado a procurar refugio para pernoitar e continuar a sua viagem no dia seguinte. Deparando-se com um um enorme pinheiro deciciu repousar debaixo da cobertura e protecção deste gigante, como tinha chovido nos dias anteriores e a madeira em volta estava toda molhada decide sacrificar o seu cajado e parte metade para fazer uma pequena fogueira e aquecer-se enquanto adormecia. Contudo quando este já estava a fechar os olhos sente uma pancada na sua cabeça e diante de si vê um velho que lhe diz oferecer refugio na sua casa até ao amanhecer pois afirma existirem coisas más a deambular por ali à noite. Com medo do que o velho acabou de lhe dizer ele decide aceitar e segue atrás do velho. Pelo caminho ficou a saber que o velho costuma dar sempre abrigo a viajantes que passem por ali pois o bosque em volta não é seguro durante a noite... Ao chegar a casa do velho depara-se com a casa cheia de pessoas todas elas em volta da lareira e segundo todas elas na mesma situação que o homem. Ele fica um pouco em volta ouvindo um dos viajantes contar uma história:
Um camponês encontrou uma mulher fantasma que lhe deu uma caixa de madeira e disse "Nunca abras a Caixa!". Levou a caixa para casa e escondeu-a, mas um dia a mulher encontrou-a e abriu-a. Estava cheia de olhos humanos arrancados, e nesse momento o camponês caiu morto no campo. A mulher enlouqueceu e viveu o resto dos dias como um animal.
Chocado com o conteudo da historia desejou boa noite a todos, agradeceu pela historia e retirou-se para o quarto para repousar. A meio da noite e sentindo sede o homem levanta-se e dirige-se à divisão onde estariam todos para pedir por um pouco de agua. Ao abrir a porta vê que continuavam todos no seu circulo mas que a lareira já estava apagada. Ao pedir educamente por um pouco de agua e ninguem responder ele aproxima-se e nota que todos eles não têm cabeça... Questionando-se sobre a segurança do refugio que lhe ofereceram decide pegar nos corpos e arrastá-los para longe da casa e desejando para que o que quer que tivesse feito isto preferisse todos aqueles corpos a ele... Depois de retirar todos os corpos e atira-los do alto vendo-os rebolar pela encosta abaixo para dentro da escuridão do bosque ele corre para a casa do velho e fecha todas portas e janelas. Volta para o quarto e barrica a porta com a cama e a janela com um grande e pesado roupeiro. Passadas algumas horas ouve uma voz a gritar:
Onde estão eles? Ele levou-os...!!!
Imediatamente ele reconhece a voz como sendo o contador da história. Passado uns momentos ouve um tumulto de vozes repetindo o mesmo... Começam a bater na porta tentando mandá-la abaixo e gritando:
Onde estão os nossos corpos?? ONDE ESTÃO ELES???
Aterrorizado o homem retira o roupeiro de frente da janela, salta... assim que sentiu a erva nos seus pés ouviu a porta do quarto ceder e a madeira a partir-se... Apesar do instinto lhe dizer para correr o mais depressa possivel ele permaneceu uns instantes a olhar para a janela para poder ter um vislumbre daquilo que o perseguia... Incredulo vê uma cabeça a voar pela janela direito a ele a gritar:
Onde os escondeste? Devolve-nos os nossos corpos!!!
Ainda paralisado pelo medo daquilo que acaba de ver uma cabeça voadora desfigurada apercebe-se que ele grita os nossos corpos e não o meu corpo. Mentalizando-se do impossivel que vê e que poderão estar muito proximo mais cabeças voadoras com sede de sangue e enraivecidas procurando o seu corpo ele foge o mais rapido que pode. Esquecendo-se do facto de os seus perseguidores voarem ele sobe para um ponto mais elevado no cimo de uma torre esperando escapar mas apercebe-se do seu erro demasiado tarde. Encontra-se cercado pelas cabeças dos viajantes e do proprio velho que lhe deu abrigo. Sentindo-se no fim da sua vida perde toda a esperança. Nesse mesmo momento as cabeças entram em pânico, o sol começa a nascer e as cabeças irrompem em chamas e caem no solo formando pequenas pilhas de cinza. O homem não acreditando na sua sorte e percebendo agora o desespero das cabeças volta para a casa, junta todas as suas coisas e prossegue o seu caminho jurando nunca mais voltar a esta casa e nunca mais fazer este trajecto para realizar as suas trocas comerciais.
CONTAINER FINAL NÃO SE ENCONTRA DENTRO DAS RUÍNAS!