A Lenda de São Vicente
Reza a lenda que, duas crianças, filhas de pastores, tinham por tarefa diária levar uma vaquinha a pastar, enquanto seus pais desbravavam as matas densas e arroteavam as terras. Manhã cedo, munidas de um farnel com pão e fruta silvestre, levavam a vaquinha para os lugares mais baixos e alagadiços, nas margens da ribeira, onde havia muita erva viçosa.
A fúria das ondas do mar impedia a água da ribeira de lá chegar, colocando-lhe à frente um paredão de calhaus que a retinha numa enorme lagoa. Para grande surpresa das crianças, dentro da lagoa apareceu, súbitamente, um pequeno barco que deslizava suavemente, trazendo à proa um jovem de tenra idade, de olhos azuis e cabelos loiros que, lhes sorriu e acenou, convidando-os a partilhar a brincadeira naquelas águas.
Agora já não era um, mas três os tripulantes do batel que exploravam a lagoa. E assim, nestas ingénuas brincadeiras, o tempo corria e a noite aproximava-se , ficando o farnel na sacola e a vaquinha amarrada no mesmo lugar. Mas, nem por isso sentiam fome, nem a vaca mugia por falta de comida.
A cena repetiu-se por vários dias e semanas consecutivas, até que um dia resolveram contar aos pais o que estava a acontecer e a presença daquele menino belo e formoso que aparecia todos os dias, e os convidava a entrar no barquinho para uma alegre e divertida viagem , nas águas da lagoa. Julgando que algo maligno estava a acontecer, os pais preocupados, foram contar ao vigário da freguesia, que logo se prontificou a fazer uma conjuração dirigindo-se todos para o local.
O padre, assim que viu o belo menino, começou o ritual e leu a oração. Às primeiras gotas de água benta, o menino transformou-se numa estátua linda e a barquinha numa grelha luzidia na sua mão. Perante tal facto, todos se benzeram, cheios de espanto. E, com todo o respeito, levaram em procissão e a toque de sinos, a imagem para a igreja, contudo, pela calada da noite, a estátua voltava ao lago. Muitas vezes a trouxeram para o altar, mas no dia seguinte voltava, misteriosamente, para junto do pequeno ilhéu que a lagoa circundava. Mas, na última vez, umas canas ergueram-se sobre o Santo, mostrando a todos a forma de capela e que o lugar do mesmo, era no ilhéu.

O povo da freguesia, que não era muito mas tinha grande fé, compareceu e, com picaretas, deu as primeiras pancadas no basalto rijo e duro que milagrosamente se abriu, apresentando uma enorme gruta onde, com orações e lágrimas, colocaram o Santo para sempre.
Dali, vigia e protege o povo da fúria das ondas do mar, das águas caudalosas da ribeira e dos ventos devastadores.

Ainda hoje este rochedo – capela do calhau – é considerado um símbolo desta freguesia.
ATENÇÃO: Por razões de segurança, esta cache não deverá ser procurada com condições meteorológicas adversas devido a poderem ocorrer no local, queda de pedras ou até mesmo alguma derrocada..
ATTENTION: for security reasons, this cache should not be sought with adverse weather conditions due to occur at the place, falling rocks or even some cave-in.
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