
José Sobral de Almada Negreiros (Trindade, São Tomé e Príncipe, 7 de Abril de 1893 — Lisboa, 15 de Junho de 1970) foi um artista multidisciplinar português que se dedicou fundamentalmente às artes plásticas (desenho, pintura, etc.) e à escrita(romance, poesia, ensaio, dramaturgia), ocupando uma posição central na primeira geração de modernistas portugueses.
Foi o primeiro filho de António Lobo de Almada Negreiros, tenente de cavalaria natural de Aljustrel administrador do conselho de São Tomé, e de sua mulher Elvira Sobral de Almada Negreiros, uma mestiça com fortuna paterna natural dessa ilha e que morreu em 1896. Os primeiros anos da sua infância foram passados em São Tomé. Em 1900 o seu pai é nomeado encarregado do Pavilhão das Colónias na Exposição Universal de Paris; Almada e o seu irmão António são internados no Colégio Jesuíta de Campolide, Lisboa, onde irão residir até à extinção do colégio, em 1910, na sequência da implantação da República.
Em 1911 Almada matricula-se na Escola Internacional, na Rua da Emenda, Lisboa, que frequenta até 1913. Ainda em 1911 publica os primeiros desenhos e caricaturas; no ano imediato redige e ilustra de forma integral o jornal manuscrito A Paródia (reproduzido a copiógrafo na própria escola) e expõe na I Exposição de Humuristas Portugueses.
Expõe individualmente pela primeira vez em 1913, na Escola Internacional, apresentando 90 desenhos; estabelece contacto com Fernando Pessoa na sequência da crítica à exposição que este publica em A Águia. Nesse mesmo ano participa na II Exposição dos Humoristas Portugueses; colabora como ilustrador em jornais; escreve a sua primeira obra poética; prepara o primeiro projeto de bailado (O sonho da rosa); desenha o primeiro cartaz (Boxe). No ano seguinte colabora como diretor artístico no semanário monárquico Papagaio Real.
Em 1915 escreve a novela A Engomadeira (publicada em 1917) e o poema A Cena do Ódio (publicado parcialmente em 1923); colabora no primeiro número da revista Orpheu e publica o Manifesto anti-Dantas por extenso.
Obra Plástica
A obra de Almada reparte-se por áreas muito diversas. De todas a mais constante foi o desenho, para o qual mostrou vocação ainda muito jovem, durante a frequência Colégio Jesuíta de Campolide. Datam desses anos os trabalhos apresentados na sua exposição individual de 1913. Assinalando a "futilidade das coisas" sobre as quais Almada se focava nessas caricaturas e desenhos humorísticos, e o "talento incerto" do jovem autor, a crítica de Fernando Pessoa referia-se já, lucidamente, ao "polimorfismo da sua arte". A evolução de Almada é rápida; a ingenuidade das primeiras produções em breve evolui para uma "consciência gráfica com possibilidades de originalidade"; e em trabalhos dos anos imediatos começam a vislumbrar-se traços do seu grafismo futuro, "firme e elegante". Sem jamais se submeter (antes ou depois) às regras da representação académica ou ao gosto naturalista ainda dominantes em Portugal, a sua forma de desenhar personalizada, caracterizada através da "clareza do poder expressivo da linha sinteticamente elástica e definitiva" está presente em desenhos de 1917 onde regista impressões das atuações dos Ballets Russes em Lisboa. A partir da estadia em Madrid (1927-1932), o seu desenho atinge "novos rigores de apontamento visual e estilização, quer pela linha quer pelo sombreado".


Retrato de Fernando Pessoa
Duplo Retrato 1934-1936

"Começar" na Fundação Calouste Glubenkian
Informação adaptada de wikipédia