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História da Extinta Freguesia da Várzea
Situada na região do Bairro, a norte de Santarém e no limite urbano da cidade, a freguesia da Várzea (antiga paróquia de Nª Srª da Várzea e Outeiro) é uma freguesia peculiar no sentido em que não existe o nome "Várzea", em termos de lugar. Várzea é assim, o conjunto de todos os lugares que compõem a freguesia e o lugar principal, tido como sede de freguesia, é Outeiro da Várzea.
Ignora-se a data da sua criação, sabendo-se porém que já era povoada durante a ocupação árabe. O nome várzea é um agro-topónimo, alusivo a campos planos e férteis.
A toponímia de alguns dos lugares pertencentes a esta freguesia comprova a sua antiguidade: Aramenha (de Sermenha), Vila Gateira (refere-se à Villa romana), Mafarra (origem árabe)
A falta de elementos sobre a história desta freguesia deve-se ao facto dos seus arquivos terem sido destruídos pelas tropas francesas em 1810 tendo a capela de S. Miguel e mais nove templos sido profanados e saqueados.
Em 1712, havia na freguesia de Nossa Senhora da Várzea e Outeiro cento e cinquenta vizinhos. Meio século depois, a população tinha aumentado para cento e noventa fogos e seiscentas e oitenta e duas pessoas (excepto as crianças com menos de sete anos).
Tinha nesta data, duas igrejas principais: a igreja do Outeiro (assim chamada por estar situada num monte), cujo orago era S. Miguel e a igreja da Várzea, cujo orago era Nossa Senhora da Conceição.
Assim, a freguesia foi-se desenvolvendo à volta destas duas igrejas, que se situavam fora do povoado.
Após reconquista cristã, organizou-se o povoamento do território, acompanhado da cristianização revelada pelos velhos cultos a S. Miguel e S. Martinho. Em abono do culto do primeiro Santo, o facto da capela em sua honra ter sido erigida num outeiro. Geralmente, os templos dedicados a S. Miguel erguiam-se em locais elevados.
Esta ermida iria passar a igreja matriz, com o título de Nossa Senhora da Conceição ou Nossa Senhora da Várzea. Não se sabe a partir de quando, mas Pinho Leal refere a propósito "A antiga igreja paroquial era centro da freguesia e a uns cem metros do lugar de Pero-Filho, em uma várzea que deu o nome à padroeira e à freguesia". Refere ainda o prolixo autor que a igreja "estava edificada junto a um ribeiro que no Inverno, havendo grandes chuvas inundava o templo".
Em 1872, já só existiam três: a de Santo António em Vilgateira; a de Nossa Senhora da Piedade em Pero Filho; e a de Nossa Senhora da Conceição em Aramenha.
Várzea foi curato de apresentação do prior da colegiada de S. Martinho de Santarém. A população, que duplicou a partir do século XIX, dispersa-se pelos seguintes lugares: Alcobacinha, Aramanha, Azenha, Carneiria, Casais dos Chões, Casais da Coimbrã, Casais do Maio, Casais do Porto Mau, Casais do Quintão, Charruada, Cortelo, Fonte de Vilgateira, Graínho, Outeiro, Pero Filho, Vale da Viúva e Vilgateira.
Em meados do século XVIII, havia nesta freguesia catorze moinhos, dos quais oito eram movidos a água e seis a vento.
As terras eram extremamente férteis, abundando as hortas, os pomares e as vinhas.
Terra rural, baseada na agricultura e na pecuária, Várzea tem vindo a perder as tradições rurais que a caracterizaram em tempos. "Aos sábados, no Verão depois das aulas, o Dr. Joaquim Augusto, convidava alguns rapazes a ir com êle passar o domingo à Vàrzea. Era uma boa caminhada de alguns quilómetros. Mas as nossas pernas não temiam. E após o jantar começava a marcha". (Ribatejo Histórico e Monumental).
Para recuperar esta tradição foi feito este PT para dar a conhecer alguns dos lugares mencionados e usufruir das paisagens rurais que ainda abundam nesta freguesia.
A Cache # 4- Vilgateira
"Ex-Libris" de Vilgateira, a Capela de Sto. António
Situada no centro da aldeia, talvez tenha sido o seu pólo de desenvolvimento.
Data pelo menos do século XVII, conforme atesta o lintel da porta principalal onde está gravado o ano de 1623.
A sua existência tem sido difícil e já por várias vezes estado em ruína, chegando mesmo a ser proposta a sua utilização para outros fins.
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[A Capela se Sto. António. Desenho de J.V.]
Pinho Leal dá-nos conta de um restauro efectuado em 1880, pelo povo e de iniciativa do benemérito Padre António de Carvalho
Em 4 de Janeiro daquele ano, o Presidente da Junta de Paróquia propõe que se levasse o “Sto. António” para a Igreja Matriz, onde estaria com a decência devida. O regedor Joaquim Ferreira disse que se responsabilizava pelo arranjo da capela.
As obras iniciaram-se nos fins de Abril e no dia 25 levou-se processionalmente a imagem do padroeiro para a igreja matriz, onde se conservou até ao dia 14 de Agosto, data em que a capela foi reaberta ao culto.
A fachada de bico é encimada por cruz de alvenaria e possui pequeno óculo oval que areja e ilumina o templo. Tem sineta. Porta rectangular de ombreiras e lintel de pedra lisa. Cada uma das paredes laterais possui janela gradeada.
Ao entrar, deparam-se-nos dois colunelos de pedra já carcomidos pelo tempo, sendo cada um constituído por duas peças e que suportam um pequeno coro. Debaixo deste, uma área ladrilhada.
Planta rectangular. O tecto é de madeira e de três panos. Altar de pintura marmórea. Em lugar de destaque o padroeiro com o Menino. Ladeiam-no duas pequenas imagens:- Stº Isidro e Nª Sª de Lurdes. Existiu outra que desapareceu não há muitos anos. Trata-se de uma imagem de pedra, muito antiga e representando Sant `Ana. Onde estará?
A sacristia toda ladrilhada tem acesso exterior por escada adossada em cujos degraus estão integrados vários fragmentos de lápides sepulcrais dos séculos XVII e XVIII de impossível reconstituição.
Estas pedras são oriundas do antigo cemitério paroquial, próximo da igreja matriz
De notar um curioso ex-voto sobre tábua (cerca de 20X45 cm) de fins do século XVIII, figurando Sto. António a aparecer a uma devota
No tosco armário uma imagem de Cristo, dois cálices e um missal de 1860. Parece-nos de interesse um grupo de azulejos soltos que talvez sejam peças do século XVII.
Tal como as restantes então existentes na freguesia a capelinha sofreu o jacobinismo dos soldados de Massena
Teve romaria muito movimentada.
Passando por variadíssimas vicissitudes, apesar disso o povo dedica-lhe estima e nas aflições “agarram-se” a Sto. António.
O altar era, e pensamos que ainda é, iluminado com azeite oferecido pelos vilgateirenses que o fazem com devoção.
Não é descabido dedicar uma palavra à memória da Sra. Maria Amália, grande devota de Sto. António que durante muitos e muitos anos foi claviculária da Capelinha, prestando-lhe toda a assistência possível:- ornamento, limpeza e promovendo peditórios para resolver algumas necessidades.
ATENÇÃO SEJAM MUITO DISCRETOS POIS É UMA ZONA COM ALGUMA AFLUÊNCIA DE MUGGLES! LEVEM MATERIAL DE ESCRITA.