Esta cache pretende demonstrar um local de vasta história em Santarém.O convento onde foi coroado o rei D. João II.
Convento de São Francisco
A vila de Santarém, acolhe a chegada dos Frades Menores cerca do ano de 1240. Estes instalaram-se inicialmente nos arrabaldes da Villa. Mais tarde, em 1242, no reinado de D. Fernando, iniciou-se a construção do Convento de S. Francisco, este situado numa área periférica ao centro da Vila.
Ao logo de oito séculos de existência, constata-se que o complexo monacal nunca conheceu o seu terminus, no que diz respeito à sua construção. As primeiras dependências a serem construídas, foram com certeza, a Igreja e a sala do capítulo, esta última que mais tarde vai conhecer uma profunda remodelação.
Na segunda metade do século XIV, a Igreja conhece a intervenção régia. O rei D. Fernando manda construir um coro alto, nos três tramos médios da nave central da mesma. Durante os séculos XV e XVI realizaram-se as campanhas de abobadamento do Claustro, a construção da segunda sala do capítulo e a construção das capelas do interior da Igreja. Após o terramoto de 1755, foi efetuada a reconstrução das capelas afetadas.
Coro Alto | Ilustração de Wilby Bya
No século XVI o convento serve de hospital da Ordem e em meados do século XVII a população ascenderia a sessenta monges. Cedo o Convento afirma a sua importância junto da comunidade como parece evidenciar a construção de um alpendre no adro da igreja, ainda no final do século XIII, para albergar a população que afluía à igreja ou para a realização de atos públicos, como a reunião das cortes de 1477.
Após a extinção das ordens religiosas em 1834, o monumento recebe a cavalaria passando no século XX a integrar a Escola Prática de Cavalaria. Em 1917 o complexo arquitetónico é classificado como Monumento Nacional, tendo-se iniciado na década de 40 intermináveis obras de recuperação da responsabilidade da Direção Geral dos Monumentos Nacionais.
As escavações arqueológicas realizadas na década de 90 colocaram em evidência uma série de sepulturas escavadas na rocha tanto na nave central da igreja como nas capelas laterais, na zona do adro e vários silos de Época Islâmica anteriores ao próprio Convento.


Interior da Igreja

Claustro
Arquitetura do Convento
A igreja, tal como se apresenta na atualidade, é o resultado de sucessivas remodelações que foram ocorrendo ao longo do tempo.
Do templo gótico inicial restam boa parte da volumetria e os elementos estruturais mais importantes, embora bastante remodelados pelas campanhas de reconstrução a cargo da Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais cujo objetivo era, exatamente, a recuperação de toda a estética medieval.
O plano original da igreja incluía uma ápside semicircular com contrafortes, que lhe davam um aspeto poligonal, ladeada por quatro capelas escalonadas de planta retangular e um corpo longitudinal dividido em três naves de altura desigual, sendo a central mais alta. As naves são compostas por cinco tramos e fazem a transição para a cabeceira num transepto elevado à altura da nave central.

Planta atual do Convento
Em termos arquitetónicos, o edifício medieval integra-se naquilo a que se deu o nome de “gótico mendicante”, caracterizado sobretudo pela amplitude do espaço, vãos altos assentes em pilares finos e ornamentação escultórica rara e pouco saliente.
A meio da nave central, encontra-se o coro alto, concebido, provavelmente, segundo modelos ingleses, é marcado por um exuberante programa decorativo que contrasta com a simplicidade do resto da igreja gótica. Dos três tramos que existiam até ao final do séc. XVI, restam dois, tendo sido deslocado um deles para a entrada da igreja e outro destruído.
