Vida por Vida @Peniche - Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Peniche
É desconhecida ao certo a data em que se criou uma instituição visando a defesa dos haveres e vidas dos cidadãos, em caso de fogos. Consta, na Câmara Municipal de Peniche, um documento datado de 20 de Julho de 1873, no qual a Câmara Municipal aprova a seguinte deliberação:
“Um oficio do Governador da Praça, pedindo à Câmara lhe dispense, para guardar a Bombas de apagar incêndios, uma casa que esta Câmara possui na rua da Palha, por ser mais central e no interior da povoação. A Câmara, em vista das ponderações feitas pelo dito Governador, concedeu a casa pedida para o fim indicado".
Neste caso, tratava-se de uma dependência na actual Rua 13 de Infantaria pertencente à antiga Casa da Fanga (celeiro municipal) vendida a Emídio Balbino em 1905. Tudo leva a crer que o voluntariado não existia, mas que a imposição imperava.
Anos mais tarde, foi necessário tomar algumas providências para que se criasse um corpo de bombeiros pois, os incêndios eram frequentes.
A 4 de Junho de 1929, em sessão camarária, foi tomada a seguinte deliberação:
“O Sr. Presidente lamenta que não exista em Peniche uma corporação de bombeiros e reconhecendo também que a Câmara não possui rendimentos que lhe bastem para crear uma corporação de bombeiros municipais, propõe que a Comissão Administrativa desta Câmara tome a iniciativa da organização de tão útil quão benemérita instituição, de forma que ela seja um facto dentro de pouco tempo. Propõe mais que para esse fim a Comissão Administrativa nomeie uma Comissão Organizadora que ficará sob o seu patrocínio a quem serão entregues as verbas que Câmara for metendo nos seus ornamentos ajudando assim a criação deste corpo de bombeiros”.
Em menos de duas semanas, a 16 de Junho, foi criada oficialmente a Associação dos Bombeiros Voluntários de Peniche. N39 21.275
A sua primeira sede estava instalada no edifício dos Paços do Concelho, no rés-do-chão, funcionando no andar superior o actual salão nobre. Será de referir que a Autarquia foi solidária em tudo aquilo que lhe foi possível ao alcance das suas possibilidades financeiras, bem como o Comando Militar da Praça de Peniche colocou à disposição as dependências da Cidadela, bem como os terraços para as instruções, formaturas e tudo aquilo que estivesse ao abrigo da sua competência militar. Para poderem desempenhar cabalmente e com eficiência a sua elevada missão, havia que providenciar a aquisição de apetrechos, mas o dinheiro era escasso…No primeiro ano e outros que se seguiram, para angariar receitas realizam-se quermesses, verbenas, jogos de futebol, gincanas, bailes, cinema, apresentaram-se grupos dramáticos, organizam-se festas diversas, incluindo a da "Flor", e até vacadas. Também todas as receitas em posse da Comissão Pró-Monumento a Jacob Rodrigues Pereira, por ter sido posta de parte a ideia da sua construção, reverteram a favor dos bombeiros. Tiveram logo em consideração, no princípio de 1930, de construírem a Casa-Escola, vulgarmente conhecida por "Esqueleto", destinada aos exercícios de instrução da corporação.
Em Abril do mesmo ano foi adquirido um carro braçal de escadas pelo valor de 6.130$00, que actualmente se encontra exposto na sala que serve de museu no novo edifício da Corporação.
Com a criação da Liga dos Bombeiros Portugueses, em 18 de Agosto de 1930, não tardou que, a 23 de Abril de 1932, fossem aprovados pelo Governador Civil deste Distrito, os Estatutos da Associação dos Bombeiros Voluntários de Peniche. W009 22.679
Não sendo possível o desempenho das suas funções sem o mínimo de condições, continuou a luta para a aquisição de mais material. Em 1935 já possuíam 3 carros de tracção braçal, que se distinguiam por "bomba braçal com depósito para água" (caldeira) – “carro escada” e “material diverso”.
Mais tarde, em 1935 entram em negociações com a Firma Guérin, Lda, de Lisboa, para a compra de uma camioneta da marca "Fargo", com o fim de aproveitar o chassis adaptando-o a pronto socorro.
Nesse mesmo ano, também a Câmara Municipal se responsabilizou pelo pagamento de uma moto-bomba, tipo Liliput Magyrus, fornecida pela Firma H. Vaultier, pela importância de 22.500$00, sendo o maquinismo para lançar a água na extinção de incêndios por 15.000$00 e o restante em utensílios para adaptar na referida máquina. Foi na época uma aquisição de grande utilidade.
Em 1937 pairava já a ideia de um novo quartel, tendo sido o Arquitecto Paulino Montez convidado para a elaboração do projecto, mas tudo ficou na gaveta. A luta por fazerem mais e melhor era constante e a acção dos bombeiros não se ficava só pelos incêndios.
As grandes tarefas de socorro que se apresentavam no dia-a-dia, cada uma com o seu problema específico, fez sentir àqueles soldados da paz a necessidade de melhor se apetrecharem, confrontados muitas vezes com situações de perigo no combate a incêndios, ficando eles próprios sujeitos a traumatismos, queimaduras, asfixia e, em alguns casos, afogamentos. Assim, cedo se aperceberam das suas carências no campo da saúde.
Três anos mais tarde, em 1940, quando o transporte de feridos e doentes era encarado como uma prioridade pela Associação, a Junta de Província da Estremadura cedeu-lhe, a título gratuito, um automóvel com o objectivo de ser adaptado a auto-maca.
Em Maio de 1944 os consórcios Sr. Joaquim Guilherme Faria Júnior e Luís Correia Peixoto ofereceram para ser montada no telhado da sede uma "sirene”. Ficou assim dispensado o auxílio do sino grande das torres das Igrejas de S. Pedro e de Nª. Sª. da Ajuda, de que permanentemente pendiam cordas para o exterior, com a finalidade de serem usados para alarmes quando ocorriam situações carentes da intervenção dos bombeiros.
A 19 de Junho de 1962, por deliberação camarária, foi atribuído aos "Soldados da Paz" que formam a Corporação dos Bombeiros Voluntários de Peniche, pelas acções desenvolvidas a bem de Peniche e Concelho, a "Medalha em Ouro de recompensa da Vila de Peniche". Era iminente a construção de um novo quartel, pois, com um corpo de bombeiros em plena forma e um grupo de 6 viaturas, sendo 4 para combate a incêndios, 1 para socorros a náufragos, com respectivo atrelado, uma outra para serviços de ambulância, 2 moto bombas para serviços de incêndios e outras tantas para serviço de esgotamento, manter-se a Corporação num pobre e modestíssimo quartel, em edifício de renda, tornava-se de todo incapaz para acomodar todo o pessoal e material.
Desta forma, em 1969, para obtenção do necessário terreno junto da Casa-Escola da Travessa do Matinho, foi adquirido um armazém a Emídio Barradas, por 350.000$00.
Cerca de 20 anos mais tarde, começaram os Corpos Gerentes desta Instituição a notar que, as instalações se mostravam insuficientes para o grande movimento que os Bombeiros registavam. Assim, em 24 de Agosto de 1989, a Associação dirigiu uma carta à Câmara Municipal apresentando alternativas previstas para a implantação de um novo quartel, a qual teve a melhor atenção, pois, em reunião camarária foi referido o novo quartel dos Bombeiros informando a Edilidade de que a elaboração do projecto havia sido confiada a uma equipa de arquitectos, encontrando-se já concluído o estudo preliminar.
A 26 de Junho de 1990, em reunião camarária, foi aprovada a localização do novo quartel dos Bombeiros Voluntários de Peniche, na Prageira, junto a Rua da Ponte Velha.
Finalmente, a 13 de Março de 1999, é concretizado o grande sonho da Associação para a cidade de Peniche, ou seja, a inauguração do actual Quartel de Bombeiros, o qual dispõe de 21 viaturas, com as quais prestam serviço a 6 freguesias compreendidas numa área de 77,6 Km2.
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Como é de conhecimento geral, os Bombeiros Voluntários têm como principais missões a protecção de pessoas, bens e património natural e, como objectivo específico, o exercício de actividades de socorro e de outras modalidades de intervenção humanitária.
São estes os heróis que agem de forma desinteressada e que se privam de estar com os seus entes queridos em prol de auxiliar o próximo com o lema “Vida por Vida”.
A geOeste desenvolveu uma acção que consiste na colocação de uma geocache junto a cada corporação de Bombeiros Voluntários (ou na sua área limítrofe) dos 12 Concelhos do Oeste.
Um grande BEM HAJAM, Bombeiros Voluntários do Oeste assim como a todos os Bombeiros por este mundo fora.
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As coordenadas virtuais indicam a localização do quartel dos Bombeiros Voluntários de Peniche
