Portugal participou ao lado dos Aliados na I Guerra Mundial (1914-1918), mas principalmente os ingleses recomendaram os portugueses a não se meterem nisso.
Os republicanos, anciosos para escrever o seu nome na história assim não o entenderam. Para defender as suas colónias africanas dos ataques alemães, Portugal já fazia um grande esforço militar, mas para os republicanos parecia ser pouco e assim demorou três anos a criar o chamado Corpo Expedicionário Português, que marchou para França em 1917, mais concretamente para a Flandres.
Nesse esforço de guerra, Portugal perdeu 10 mil homens e muitos mais regressaram feridos.
O concelho de Anadia não foi dos mais atingidos por este flagelo, tendo perdido “apenas” 12 dos seus filhos na frente de guerra.
No verão de 1919, a Junta Patriótica do Norte sugeriu a todos os municípios que homenageassem os seus mortos, erguendo monumentos e lápides. Este apelo teve logo aceitação por parte do município de Anadia (23 de agosto de 1919) e logo solicitou à Secretaria da Guerra o nome dos militares mortos originários do concelho.
No inicio, o intusiásmo era muito, mas foi preciso um jornal local (Correio da Bairrada), na sua edição de 9 de maio de 1925, chamar a atenção para a falta do dito monumento, e até o jornal concorrente deste (Ecos de Anadia), na sua edição de 16 de maio de 1929 , abriu uma subscrição para angariar fundos para a construção de um Padrão de Guerra.
O projecto do monumento recaiu sobre um artista (autodidacta) natural de Ferreiros (Moita), de nome António Joaquim da Conceição. Em março de 1926 o projecto estava concluído e pronto para passar à fase de construção, todo em pedra.
Como o dinheiro para a realização da obra não era muito, os atrasos sucederam-se e claro com muitos protestos da imprensa local.
O monumento só viria a ser inaugurado em 8 de dezembro de 1929. e com a presença das mais altas individualidades do país que sempre aparecem para estas coisas. Entre eles encontrava~se o Presidente da Republica , General Óscar Cardoso Carmona, o ministro da Guerra, Amílcar Pinto e o da Justiça, Lopes da Fonseca. Era Presidente da Câmara Municipal de Anadia, José Alves Cerveira.
O Monumento foi implantado no Largo da Praça (actualmente Praça Visconde de Seabra) até ao ano de 1967. Nesta data foi mudado para o cruzamento de ruas a norte do edifício da Câmara (local onde existiu a prisão que foi demolida nesse ano).
Após 36 anos voltou ao seu lugar original e agora rodeado por repuxos.
ESTAFETA PATRIÓTICA
Pouco tempo depois da inauguração deste monumento, um grupo de anadienses realizou uma “prova” de atletismo iniciada no Mosteiro da Batalha e percorrida por estafetas até à Vila de Anadia.
A ideia era acender uma chama na sala do Capítulo do Mosteiro e transportá~la até ao Monumento dos Mortos da Grande Guerra, e lá acender a lâmpada de petróleo que se manteve acesa durante muito tempo. Lâmpada esta que já não existe.
Foram 9 os atletas encarregues desta missão.
FONTE: "Anadia, Sítios e Memórias" de Carlos Alegre