O Aproveitamento Hidroeléctrico de Picote é o primeiro dos três escalões (sendo os restantes Miranda e Bemposta) a entrar em funcionamento (1958), cujo Edifício de Comando e Descarga, implantado à cota do coroamento da barragem de dupla curvatura, supera a ideia convencional de edifício técnico, quer pelo tratamento texturado e colorido da superfície das fachadas, quer pela modulação dos volumes que enfatizam a articulação das suas funções internas.

À variedade plástica deste conjunto, que indicia o legado moderno da experiência brasileira, acrescenta-se o rigor geométrico da estalagem para pessoal dirigente, articulada por dois corpos encastrados, cuja depuração formal prolonga a imagem da notável capela, concebida como uma “caixa” em tijolo dentro de um recetáculo porticado. Este avança sobre o espaço exterior e enquadra entre o ritmo dos pilares a grandiosidade de uma paisagem agreste, redefinida e domesticada para a construção de um sistema autossuficiente, urbanamente capaz de comportar o quotidiano de uma população de 4000 pessoas.

A beleza e imponência deste conjunto extravasa a barragem (infraestrutura), tendo sido projetada e construída a aldeia de Barrocal do Douro, a partir do nada, “uma cidade ideal” onde não faltaram um cineteatro com salão de festas, piscinas e centro comercial.
Ainda hoje aqui merecem apreço vários exemplares notáveis de arquitetura moderna.
