Quinta das Maduras, classificada como Imóvel de Interesse Público situado à entrada da povoação de Quintanilho, inclui uma zona residencial, uma capela, instalações de cariz utilitário, uma área de lazer e zonas agrícolas, deve o seu nome a José Gonçalves Maduro, detentor da propriedade no século XVIII. A esta centúria deverá remontar, também, o edifício habitacional e a capela, encontrando-se inscrita no lintel do portal de entrada a data de 1767.
No interior da capela existe todo um espólio móvel de considerável interesse (painéis azulejares policromados dedicados a N. Sra. do Rosário, um crucifixo e uma tela tromp d'oeil no teto abobadado; na sacristia, destaca-se um retábulo de talha dourada correspondente - muito provavelmente - aos primórdios da execução da talha em Portugal.
A fachada que confina com a rua é seccionada por pilastras que a dividem em três secções: uma primeira com um nicho de volta perfeita a ocupar a totalidade do pano murário, com uma cruz no interior; a segunda aberta por uma janela rectangular com avental de azulejos, e a terceira igualmente aberta por quatro janelas idênticas à anterior. Sobre a cornija e apenas na correspondência deste último pano, ergue-se um outro piso, mais recuado, com três janelas e cornija a formar um frontão triangular sobre o vão central.
Dos lados deste alçado encontra-se uma janela e um portão, este último, de acesso ao pátio interno, com remate de grande dinamismo que contrastam vivamente com a depuração da casa: de verga em arco abatido, é encimado por frontão de aletas de lanços contracurvados, exibindo no tímpano trabalhos de estuque que enquadram um painel de azulejos alusivo a Nossa Senhora do Rosário e, na cartela inferior, a data de 1767. Dois vasos coroam as pilastras laterais. Do lado oposto, que acompanha o declive da rua, observa-se uma varanda gradeada sobre um portão e uma janela inscrita num pano murário encimado por frontão triangular de aletas, enquadrado pelos fogaréus que rematam as pilastras.
A varanda, de acesso pelo interior da casa, é revestida por painéis cerâmicos azuis e brancos, rococós (historiados na parede que confina com a casa e de vasos nas restantes), tal como os bancos que aqui se encontram, também eles com azulejos diversos.
A capela, cuja fachada é profusamente decorada por estuques ao nível do segundo registo, enquadrando a janela central, exibe no seu interior um altar indo-europeu, e no retábulo uma tela alusiva à entrega do Rosário a São Domingos de Gusmão por parte de Nossa Senhora do Rosário. O tecto, em trompe l'oeil, com arquitecturas fingidas, enquadra uma outra representação de Nossa Senhora do Rosário, a quem a capela era dedicada. A mesma iconografia está presente nos azulejos policromados rococó. A sacristia apresenta ainda um interessante altar em talha dourada.
Na casa, ganham especial interesse os vários conjuntos azulejares rococó, azuis e brancos, principalmente os que revestem o hall de entrada, atribuídos a Leopoldo Battistini. Este pintor italiano, que trabalhou na Fábrica Constância, vindo a falecer em 1936, inscreve-se numa corrente historicista e nacionalista, da qual resultou uma obra bastante ecléctica que visava responder às encomendas de uma clientela mais conservadora.
Fonte: CM Vila Franca de Xira, Património Cultural, Sistema de Informação para o Património Arquitetónico