Evolução geológica da Pateira de Fermentelos
A origem e evolução das bacias cenozóicas, onde se inclui a Bacia do rio Vouga, assentes sobre os sedimentos mesozóicos da Bacia Lusitânica, está associada às fases pirenaica e bética da orogenia alpina e à deformação interna que afectou a microplaca ibérica.
Durante o Quaternário, depositaram-se, no Baixo Vouga, extensas planícies aluviais e areias marinhas e eólicas. A regressão gradual ocorrida durante o Quaternário baixou o nível de base do rio Vouga, conduzindo ao encaixe da rede hidrográfica e erosão parcial dos terraços, cujos testemunhos se preservam no topo aplanado das elevações mesozóicas que caracterizam todo o Baixo Vouga.
A formação da Pateira de Fermentelos, ocorrida durante o Quaternário, parece estar inicialmente associada a uma secção especialmente deprimida de um sistema fluvial plistocénico. Em seguida, durante o Holocénico, a sua evolução parece relacionar-se com a evolução a Ria de Aveiro que, em termos geomorfológicos, não constitui uma ria, mas antes um sistema laguna ilhabarreira (Figura 2.2).
Mais recentemente, nomeadamente antes do século X, na zona onde hoje se espraia a planície aluvial da Ria de Aveiro, existia uma baía localizada entre Espinho, a Norte, e o Cabo Mondego, a Sul, que mais tarde deu origem à configuração actual da Ria de Aveiro, através da deposição de areias, com formação de cordões dunares litorais e de um sistema de ilhas no interior da laguna. A diminuição da influência marinha e o progressivo assoreamento da laguna conduziram ao isolamento da Ria de Aveiro em relação ao mar. No entanto, em 1808, os trabalhos de engenharia efectuados no cordão dunar que separava a laguna do mar permitiram a manutenção de uma barra e a comunicação artificial com o mar, marcando o fim de um processo de evolução natural desta laguna.
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