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"Aos quatro dias do mês de Agosto do ano de mil novecentos e sessenta e cinco, pelas dez e meia horas, numa sala do Grémio da Lavoura de Arouca, compareceram os senhores Abílio Brandão de Vasconcelos, presidente da mesa da Assembleia Geral da Cooperativa Agrícola dos Produtores de Lacticínios de Arouca Telmo Martingo de Oliveira Pato, Carlos Alberto Duarte Reis e José Francisco de Pinho", encontrando-se também presentes o presidente da Direcção cessante senhor António de Almeida Brandão" e pelo primeiro "foi dito que se encontrava aqui presente o ofício número vinte mil duzentos e setenta e três, com data de seis do corrente emanado da Direcção Geral dos Serviços Agrícolas, a comunicar que Sua Excelência o Secretário de Estado da Agricultura, por seu despacho de três também do corrente mês, se dignou homologar a eleição da Direcção desta Cooperativa para triénio de mil novecentos e sessenta e cinco a mil novecentos e sessenta e sete, pela forma que os seus membros acima referidos foram eleitos, declararam então que aceitavam os seus cargos, e o senhor presidente da mesa da Assembleia Geral conferiu-lhe posse dos ditos cargos. E, logo a seguir, os directores prestaram o juramento, comprometendo-se em voz alta, cada um deles, a desempenhar fielmente as funções que lhe foram confiadas, a defender os princípios fundamentais da ordem social e política estabelecida na Constituição, respeitar as leis e dedicar ao serviço público todo o seu zelo, inteligência e aptidão. Prestado este juramento, resolveram os directores eleitos proceder à distribuição dos seus cargos pela forma seguinte: Presidente efectivo, o senhor Telmo Martingo de Oliveira Pato, tesoureiro e secretários efectivos os senhores Carlos Alberto Duarte Reis e José Francisco de Pinho respectivamente..." eram assim e nesse tempo, as normas e o juramento imposto por um poder que temia e desconfiava do movimento cooperativo. O professor Telmo Martingo de Oliveira Pato, então eleito e empossado, que faleceu a 20 de Novembro de 2016, viria a ser reeleito e a exercer as funções de presidente da direcção da Cooperativa Agrícola de Arouca até ao dia 26 de Maio de 2007 - foram mais de quarenta anos de uma vida dedicada a uma causa e ao serviço dos seus concidadãos mais desprotegidos, os agricultores. Nesses primeiros tempos a Cooperativa enfrentava enormes dificuldades, não tinha sede nem património e a poderosa indústria de lacticínios procurava, por todos os meios, preservar a supremacia que até então detinha. Em 1967 a Cooperativa recolheu apenas cerca de 1.500.000 litros de leite, tinha um capital social inferior a 200.000$00, um imobilizado de idêntico valor e apenas uns 200 associados. E 1994, vinte e cinco anos depois, recolhia 10.000.000 de litros de leite, o número de associados ultrapassava os 6.000 - cinquenta anos depois da sua fundação, integrava a lista das 100 maiores empresas cooperativas do país publicada pelo Instituto António Sérgio. Estes números refletem por si só o desenvolvimento do sector em tão curto espaço de tempo, com reflexos na qualidade de vida duma população rural tão sacrificada, que pastoriava os seus rebanhos, ordenhava as suas vacas, cuidava das suas leiras, que foi, sempre, a melhoria da sua qualidade de vida o objectivo pelo qual o professor Pato lutou até ao fim. Não apenas como dirigente da Cooperativa Agrícola de Arouca, mas da Lacticoop, da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Arouca, da Uniagri ou da Ucanorte, da Confagri ou do Instituto António Sérgio para o sector Cooperativo - se durante mais de 40 anos foi presidente da direcção da Cooperativa Agrícola de Arouca, foi durante mais de trinta dirigente da Lacticoop. Atento e interveniente, foi agraciado pela presidência da República, era ouvido e respeitado no meio cooperativo, dedicou o melhor de uma vida aos seus alunos enquanto professor e aos agricultores enquanto dirigente, algumas vezes com sacrifício da própria família. Respeitado por dirigentes e colaboradores que com ele percorreram tão longo caminho, com eles partilhou os seus êxitos, de olhos postos na terra e nas suas gentes. E esse amor à terra e à sua gente ficou bem demonstrado nas comemorações dos cinquenta anos da Cooperativa. Não quis que fossem assinalados com o descerramento de uma placa comemorativa nas paredes da Cooperativa com o nome de uma qualquer excelência convidada para a cerimónia, mas com um monumento aos lavradores, ali erguida na rotunda de Alhavaite - o lavrador vergado à terra, de enxada na mão, e a mulher de cesto no braço lançando a semente que irá produzir o pão de cada dia. Ali, naquele monumento, está viva e presente uma mensagem e um desígnio.
Morreu o Homem mas ficou a Obra e o Exemplo.
A cache
A cache encontra-se nas imediações deste Monumento.
É necessário ser muito discreto e levar material de escrita.
Deixe tudo como deixou e divirta-se.
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