O dragoeiro, é uma espécie originária da região biogeográfica atlântica da Macaronésia, que outrora povoou, em grande número o arquipélago da Madeira.
Hoje, na ilha da Madeira, embora existam muitos dragoeiros plantados em jardins públicos e privados, apenas podemos encontrar um exemplar em estado selvagem.
Este exemplar pode ser encontrado numa das encostas da Ribeira Brava. Ali, até 2010 sobreviviam os últimos 3 Dragoeiros “selvagens” da ilha da Madeira. Hoje, devido a intempéries, apenas sobrevive um.
CLASSIFICAÇÃO TAXONÓMICA DA ESPÉCIE
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Asparagales
Família: Ruscaceae (Dracaenaceae)
Género: Dracaena
Espécie: Dracaena Draco
Nome Comum: Dragoeiro
ETIMOLOGIA
O nome Dracaena deriva do termo grego drakainia que se refere á designação de um dragão fêmea.
Uma lenda conta que Hércules no seu 11º trabalho, teve de trazer de volta três maçãs douradas do jardim das Hespérides, que é guardado por um dragão de cem cabeças chamado Landon. Hércules matou o dragão e o seu sangue escorreu sobre a terra de onde começaram a brotar “arvores dragão”.
DESCRIÇÃO DA ESPÉCIE
O dragoeiro é uma árvore de dimensões que podem ultrapassar os 15 metros de altura, tem um tronco robusto, podendo ter até 5 metros de diâmetro, de contorno irregular, com a sua camada exterior (Ritidoma) marcada por cicatrizes foliares e com longas porções secas e soltas. A sua ramificação é dicotómica após o surgimento da inflorescência terminal (zona onde se formam e localizam as flores da planta), caracterizando-se, ainda, pela sua ampla copa de contorno circular. Esta é uma árvore de desenvolvimento lento, demorando cerca de 10 anos para atingir os 3 metros e florescer.
As suas folhas são coreáceas simples de cor verde acinzentada e acastanhadas na base medindo entre 40 e 90 centímetros de comprimento e entre 2 e 5 centímetros de largura e encontram-se dispostas em roseta terminal.
As flores do dragoeiro caracterizam-se por serem aromáticas, hermafroditas e actinomórficas (de simetria radial), de cor verde esbranquiçada, compostas por seis peças unidas pela base, medindo entre 7 e 10 milímetros. Estas encontram-se numerosamente distribuídas em inflorescências, ou espigas terminais, longas medindo entre 60 e 120 centímetros. A sua floração ocorre entre Abril e Outubro
Os seus frutos são bagas com a forma de globo, medindo entre 14 e 17 milímetros de diâmetro, de cor amarela esverdeada tornando-se num laranja avermelhado a quando do seu amadurecimento.
As sementes são duras, apresentam uma forma esférica com uma coloração branca e medem entre 7 e 10 milímetros de diâmetro.
A seiva desta árvore, quando oxidada ao contactar com o ar torna-se numa resina de cor vermelho sangue, sendo esta constituída por uma grande variedade de substâncias, entre as quais éteres e dracenina. Esta resina é famosa por ser conhecida como “sangue de dragão”.
RAZÕES PARA O SEU DESAPARECIMENTO NO MEIO NATURAL
O dragoeiro encontra-se classificado como uma espécie ameaçada por parte da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Razões Naturais
Uma das hipóteses para explicar a vulnerabilidade a que esta planta chegou é a possibilidade de esta ter sofrido com a extinção de uma espécie de ave que se alimentava dos seus frutos e sementes, que depois de digeridos eram expelidos do organismo da ave, possibilitando que as sementes germinassem dando origem a novas árvores.
Outra hipótese para este fenómeno resulta da existência de roedores, cabras, coelhos e outros animais, introduzidos no Habitat natural dos dragoeiros, que se alimentam dos espécimes juvenis não possibilitando o seu desenvolvimento e anulando a sua regeneração.
Facto é que, no meio Natural, esta árvore, de desenvolvimento lento tem muitas dificuldades em florir e dar fruto e, em consequência disso, não gera sementes.
Razões de origem humana
Na Madeira desde os primeiros povoadores praticou-se uma agricultura sobre queimada, que reduziu em grande número a área de distribuição de espécies indígenas. Esta técnica consiste em lançar fogo à vegetação durante a estação seca possibilitando fazer sementeiras na época das chuvas. Este sem dúvida que foi um factor determinante para o desaparecimento de grande parte dos dragoeiros que antes existiam na ilha. Nas zonas não utilizadas para a agricultura, os dragoeiros foram explorados e dizimados devido á extracção do “sangue de dragão” que outrora foi tão procurado.
A conjugação destes factores conduziu ao estado vulnerável em que esta espécie se encontra, podendo leva-la á extinção caso não sejam tomadas as devidas medidas de conservação.