Ia certo homem, alta noite, subindo a serra por um caminho deserto.
E vai senão quando, deu com um cavalo muito bonito, com seu selim, comendo algumas ervas que estavam pelas valetas. E pensou consigo: “Este cavalo soltou-se da Fajã de São Lourenço e vai, por costume, para a Vila”. Pois era na época em que iam pessoas da Vila passar o tempo alegre das vindimas para aquele sitio… e acrescentou: “ora ainda bem, que foi Nosso Senhor que te trouxe para aqui, porque vou muito cansado e tenho agora meio de transporte até os Picos e, ai chegando, deixo-te na estrada que conduz à baia”.
E, sem mais demoras, pegou nas rédeas e saltou para o cavalo. Mal tinha acabado de o montar, zás! Caiu redondo no chão e, ainda a queixar-se com dores nas costas, enquanto o homem se erguia, olhando para trás… já não viu o cavalo. E sem saber dosnde vinham, sentiu umas gargalhadas, de quem ria com grande satistfação e com ares de troça. Outra coisa não podia ser senão as feiticeiras, que por ali costumavam andar e lhe tinham pregado uma partida.
E se a historia é apenas uma adaptação de uma lenda de Armando Monteiro em “Pedras de Santa Maria” – Arquipelago 1969, o lugar, este é ainda hoje conhecido pela população da freguesia de Almagreira como a “Furna das Bruxas”, talvez por ser um lugar reservado, sombrio e com algum encanto. A furna - é uma cova de onde os locais retiravam o saibro (uma argila com a qual se cimentavam as telhas das casas tradicionais).
Conselho: para além do percurso até à cache, percorre mais 50 metros e descobre a magia do lugar.
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