Capela de São Marcos
É na entrada do Pergulho, a 10 km de Proença-a-Nova que se ergue esta capela em honra de São Marcos. As suas paredes grossas travadas por alguns arcos em ogiva dão a impressão de proporcionar aos fiéis não só uma confiança em termos de segurança, mas também a de um certo recolhimento… A primeira pedra da atual capela foi lançada a 28 de Agosto de 1950 e a 15 de Agosto de 1956 a comunidade do Pergulho e da Murteira regozijaram com a inauguração da nova capela, que viria a substituir aquela que remontava, aproximadamente, a 1700. Apesar de esta ser imponente e ampla, a nostalgia da antiga permanece, tanto que a autarquia de Proença-a-Nova, presidida pelo Engº João Paulo Catarino, decidiu colocar, no jardim agora construído, um pedestal onde será colocada a réplica da capela antiga, para lembrar o lugar, onde outrora, no dizer do falecido pergulhense, Sr. Filipe Cristóvão, “tantas vezes, às altas horas da noite, tive a felicidade de me encontrar, a sós, com o Patrão e onde tantos senhores padres consagraram a hóstia”.
O interior da capela é absorvido por um enorme e belo altar, que se não fosse a elevação fora de comum do presbitério, diria que estava diante do cenário da última ceia. No entanto, o marco de referência é a imagem do seu orago: São Marcos, retratado em madeira, com a figura de touro debaixo do pé direito, em vez do leão, símbolo de Marcos no Apocalipse de São João (Bíblia). Assim, a figura do touro associado a São Marcos realça o poder que lhe é atribuído na cura do animal de raça bovina. Não é por acaso que se fazia no dia do Santo (25de Abril) a feira de gado. Os pergulhenses e murteirenses recordam com saudades as grandes feiras que se faziam outrora e que, por razões óbvias, deixaram de se fazer. A afluência de gado era tanta que os moradores colocavam mato nos caminhos para depois usufruir do indispensável estrume para as hortas.
Falar da festa de São Marcos no Pergulho e na Murteira é também fazer memória de um pequeno touro, em barro, que estava junto da imagem de São Marcos. Conta-se que algumas mães levavam os seus filhos, supostamente bravos, para 'marrar' com o touro na intenção de os amansar. Segundo o padre Armando Tavares, do Pergulho, “este costume dava azo a tantos abusos e chacota que, o Sr. padre Beato, pároco de Proença-a-Nova, no início dos anos cinquenta do século passado, deu tal sumiço ao touro que nunca mais soubemos onde pára”.
Os 65 habitantes no Pergulho e na Murteira, com ajuda de muitos “filhos emigrantes”, presentes nessa ocasião, faziam esta festa em honra do seu padroeiro, no domingo ou fim de semana mais próximo do dia 25 de Abril. Ela era e é motivo para o reencontro dos filhos da terra dispersos por diversos cantos do mundo. Hoje em dia, a festa consiste numa Missa em honra de S. Marcos, seguida de procissão, ao ritmo dos andores do padroeiro e de Nossa Senhora de Fátima. Os arraiais, adoçados pelas famosas “tigeladas do Pergulho”, durante 3 dias, mantêm acordadas as adormecidas noites primaveris da terra.
Fonte - excerto da publicação da Agenda Cultural de Abril de 2010, pelo Pe. Ilídio Graça, retirado de Câmara Municipal de Proença a Nova