Aqui podem ser observadas feições indicadoras de estágios morfodinâmicos segundo modelos propostos para praias dominadas por ondas, pela maré, modificadas pela maré e controladas pela geomorfologia.
A partir dessa visita será possível constatar a presença/ausência de feições tridimensionais, além de identificar agentes geomorfológicos controladores da hidrodinâmica costeira.
O litoral de Pernambuco tem como característica mais conspícua a presença de recifes areníticos, estruturas fixas situadas paralelamente à linha de costa e que podem ou não apresentar descontinuidades, bem como colonização biogênica. Neste último caso, os mesmos desenvolvem morfologia mais complexa, como manchas, estando associadas às saliências na costa, tal como observado em Porto de Galinhas. Os recifes têm o potencial de alterar a hidrodinâmica local e dissipar energia de onda, desempenhando assim, um importante papel na morfologia recente da costa
A zona de surfe, região na qual ocorre a maior parte da dissipação da energia das ondas, constitui uma área interessante sob o ponto de vista morfodinâmico.
Ali ocorre a maior parte dos processos que controlam a morfologia e a hidrodinâmica praial, os processos responsáveis pelo comportamento das praias começam a atuar na base da antepraia, que representa o limite externo da camada limite costeira. As flutuações energéticas ali impostas por ondas, marés e correntes se manifestam em termos de variações temporais e espaciais na forma, largura, declividade, frequência de feições morfológicas secundárias, características erosivas e hidrodinâmica
Segundo o modelo supracitado, o estágio dissipativo é representado por uma zona de surfe bem desenvolvida, com baixo gradiente topográfico e elevado estoque subaquoso de areia, sob a forma de bancos. A arrebentação é predominantemente deslizante e correntes de retorno são raras
As praias desta região de modo geral, apresentam morfologia levemente côncava e sua inclinação varia basicamente em função da granulometria dos sedimentos que as constituem, assim como, das características do clima de onda incidente
Exemplo de atenuação das ondas no recife de coral – (F) planície recifal, (C) crista recifal e (WR) recife completo.
Porto de Galinhas constitui uma praia arenosa parcialmente abrigada, semi-protegida por recifes biogênicos similares a um recife em franja a uma distância que varia de menos de 100 m (sul) a cerca de 200 m (norte). O corpo recifal apresenta largura variável, chegando a 330 m. Trata-se de uma estrutura semi-submersa que dissipa grande parte da energia de ondas. Tal particularidade confere à praia de Porto de Galinhas uma configuração saliente e um perfil suave e de granulometria fina.
Devido ao seu posicionamento, na zona de sombra de um corpo recifal, a praia não apresenta grandes alterações sob o ponto de vista morfodinâmico. Maiores variações são observadas em função do ciclo de maré, a maré alta deixa visível uma estreita faixa de praia e a arrebentação se dá essencialmente sobre o corpo recifal e, posteriormente, concentrada junto à face praial. Tais características estão em consonância com o previsto para praias associadas a recifes em franja durante a preamar.
Em momentos de baixamar, a praia também se enquadra na descrição para praias bordejadas por recifes em franja. Características deste modelo incluem uma praia estreita (< 50 m), atingida pelas ondas durante a preamar, de maneira insuficientemente incisiva para que sejam produzidas feições tridimensionais
Recife em franja
É um recife coralígeno ou algal margeando o litoral com um estreito canal entre o recife e a praia.
Durante marés baixas o recife fica exposto subaereamente e o canal entre o recife e a praia apresenta mar calmo, sem ondas, enquanto o recife, no lado voltado para o mar aberto, com declive acentuado, é fortemente batido pelas ondas.
São os mais comuns e mais simples tipos de recifes. Se desenvolvem ao longo da linha de costa onde existe substrato duro para o assentamento das primeiras larvas colonizadoras de corais.