CARAVELA EM TERRAS TRANSMONTANAS
Apesar da aldeia de Caravela, concelho de Bragança, se encontrar a centenas de quilómetros do mar, foi construído um monumento alusivo àquela embarcação, em pleno centro da localidade. Segundo o presidente da Junta de S. Julião, Elias Vara, tudo começou quando os membros da autarquia decidiram construir uma caravela na aldeia, tendo em conta o nome da aldeia. “É verdade que é uma terra que está muito longe do mar, mas, como se desconhece a origem do nome, foi construído um monumento com uma caravela, para simbolizar a localidade”, afirma Elias Vara. A população, por seu lado, também desconhece porque é que os antepassados baptizaram a localidade com o nome de Caravela, mas consideram que é uma designação “como outra qualquer”. Irene Fernandes habita na aldeia há mais de 30 anos e liga Caravela às matas de carvalhos que, outrora, embelezaram as paisagens da Lombada. “Nesta zona havia muitos carvalhos e, provavelmente, a madeira extraída daquelas árvores era vendida para a construção de embarcações no tempo dos Descobrimentos”, acrescenta a moradora da aldeia, que diz não estranhar o nome da localidade.
Carvalhos na origem
Os escritos sobre a toponímia desta aldeia são escassos. No entanto, as “Memórias Arqueológico-Históricas do distrito de Bragança”, da autoria do Abade Baçal, explicam a origem dos nomes de algumas localidades do Nordeste Transmontano. No que diz respeito à aldeia de Caravela, o investigador escreve que a distância desta localidade do mar significa que o nome da aldeia não está ligado às embarcações, mas sim aos os toponímicos “carva” e “carvas”, usados frequentemente para designar “matas de carvalheiras entremeadas de pascigueiros”. No distrito de Bragança existem mais localidades com designações que derivam destes toponímicos. No concelho de Mirandela existe uma aldeia com o nome Caravelas, ao passo que na zona de Bruçó, no concelho de Mogadouro, existe um sítio chamado Caravelas e outro denominado Caravelinhas. Os nomes destas localidades ilustram as áreas de carvalhos que, antigamente, eram exploradas pelos homens da lavoura e cobriam grande parte dos solos transmontanos.