As Formações do Grupo das Beiras sofreram metamorfismo de contacto, anterior ao metamorfismo regional varisco, pela intrusão de corpos graníticos cadomianos como o Granito do Coentral.
O Granito do Coentral (imagem 1) localiza-se na Serra da Lousã e ocupa uma área aproximada de 6 km2 . Apresenta forma grosseiramente elíptica, alongada na direção N-S. Para leste, encontra-se circunscrito por uma falha N-S, subvertical.
Dados gravimétricos revelam maior desenvolvimento em profundidade, aproximadamente 9 a 10 km, prolongando-se para leste.

Imagem1: Granito de Coentral a partir do Mirante do Cabeço do Peão, com vista para a Safra (ponto geodésico), Serra da Lousã.
A auréola de metamorfismo de contacto prolonga-se essencialmente para oeste e para sul e é constituída por filitos e metagrauvaques mosqueados, com porfirobastos de cordierite e andaluzite, e por corneanas. Para leste, está condicionada a uma pequena faixa, devido a um sistema de falhas norteadas, com abatimento do bloco Este e movimentação direita, relacionadas com a 2ª fase varisca .
Em termos mineralógicos, o Granito do Coentral varia entre granodiorito e granito. É um granitoide leucocrata, de duas micas, com megacristais de feldspato potássico, numa matriz granular de grão médio a fino.
Apresenta plagioclase, feldspato potássico, biotite e moscovite como minerais primários essenciais. Os minerais acessórios são a turmalina, o zircão, a apatite e a ilmenite. Como minerais secundários apresenta clorite, epídoto, esfena e rútilo.
Os megacristais de feldspato potássico apresentam inclusões, essencialmente de plagioclase e quartzo. Em alguns casos, estas inclusões apresentam uma disposição concêntrica ou estão alinhadas segundo uma determinada direção cristalográfica. A microclina aparece a cortar ou a englobar os cristais de plagioclase. As características exibidas pelos cristais mais desenvolvidos de feldspato potássico parecem indicar uma origem metassomática.
Por esta razão, utiliza-se a designação de megacristal em vez de fenocristal, expressão normalmente usada para designar os cristais de maiores dimensões nas rochas magmáticas. A distribuição espacial dos megacristais de feldspato, da biotite e da clorite não é homogénea. Os megacristais de feldspato e a biotite predominam na zona sul enquanto a clorite prevalece na parte norte (Figura 7).

Imagem2 – Granito de Coentral.
A – Granito com megacristais de feldspato potássico (I) e xenólitos ricos em biotite (II) (zona sul);
B – Granito moscovítico rico em clorite (zona norte)
O Granito de Coentral corresponde a um granitoide peraluminoso (rico em alumínio). O índice de saturação em alumina coloca-o nos campos do sienogranito a monzogranito, em discordância com a classificação petrográfica. A composição química e a constituição mineralógica revelam uma leve tendência para um protólito mais básico.
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