Há muito tempo atrás, nos arredores da Aldeia do Campinho, apareceu um homem que trazia consigo uma Imagem da Senhora das Dores. Um Terço, uma bolsinha em pele, onde guardava as esmolas, e uma mochila, do mesmo material, onde guardava a comida. Na Aldeia todos o conheciam como o Monge.
Vivia numa gruta perto do Rio Guadiana, a denominada Rocha da Moura, onde fez um rústico “Altar” para a sua Santa, por cima da cabeceira da cama onde dormia.
Reza a lenda que o Monge nunca se aproximava da multidão. Deslocando-se apenas aos Montes próximos da Aldeia, onde não pedia esmola, mas aceitava o que lhe ofereciam, agradecendo com uma frase que lhe era característica: “Quem bem faz, para si faz, quem mal faz, para si faz”.
Quando passava ao Monte da Frutuosa, a Senhora que lá morava dava-lhe um prato de sopa que tinha feito para o seu almoço ou para o seu jantar. No Monte da Torre, o Monge recebia algumas esmolas, mas a Senhora que lá vivia deixou de simpatizar com ele quando lhe pediu a Santinha e ele lhe respondeu: - “Ainda não chegou o momento de a entregar”.
Algum tempo passou e, quando ele voltou ao Monte da Torre a Senhora ofereceu-lhe um bolo da cozedura que ela mesmo tinha feito nesse dia, mas o bolo estava envenenado. O Monge, sem desconfiar, aceitou o bolo e agradeceu com a frase do costume: “Quem bem faz, para si o faz, quem mal faz, para si o faz”. Dali partiu em direcção à Rocha da Moura.
No caminho, encontrou o filho da mulher que lhe ofereceu o bolo, que era caçador e, naquele dia não trazia nenhuma peça de caça. Uma vez que ele vinha cheio de fome, o Monge ofereceu-lhe o bolo, que pouco antes tinha recebido.
O rapaz agradeceu e comeu logo o bolo. Quando chegou a casa já estava a sentir-se muito mal e com dores de barriga. Depois de explicar à mãe o que tinha comido, ela, que sabia que o bolo estava envenenado, deu-lhe de imediato duas colheres de azeite para ver se ele vomitava, mas tal não aconteceu, e o rapaz morreu pouco tempo depois.
Passado algum tempo o Monge deslocou-se ao Monte da Frutuosa e deixou à Senhora que lá morava a Santa, a bolsa das esmolas e o Terço, pedindo que ela lhe guardasse tudo até ele lá voltar.
No entanto, nunca mais ninguém voltou a encontrar o Monge.
A Senhora das Dores foi depois passando de geração em geração, tornando-se assim Padroeira do Campinho.