O Rei Desejado
"Ter estado num naufrágio ou numa batalha é algo belo e glorioso; o pior é que teve de se lá estar para se ter lá estado"
Em Lisboa, o Mar acaba e o Território Português principia. Só não acaba também este último pois em 1554 nasce alguém que poderá colocar fim à crise de sucessão do Trono. Aos três anos, Sebastião, o primeiro de seu nome, torna-se Rei da Nação e símbolo de esperança e onze anos mais tarde consegue assumir o governo em pleno. O Valoroso monarca acabou por conceder a Esposende a categoria de Vila.
Mito Sebastianista
"O Mito é o nada que é tudo"
Se o sonho comanda a vida, é o mito que sustenta a esperança do povo Português. E sempre que há nevoeiro, uma personagem histórica aparece por momentos na mente de cada um: D. Sebastião. Aquele rei que por amor à pátria e à religião optou por invadir o Norte de África em busca de nova expansão. O palco da infrutífera Batalha foi Alcácer Quibir, onde houve o desaparecimento do rei e a morte da nata da nobreza portuguesa. A perda da Independência e a união ibérica por 60 anos resultante levou ao nascimento da Sebastianismo. O Adormecido certamente voltaria para libertar o louco Povo das garras da dinastia Filipina.
Louco: o Rei ou o Povo?
"A loucura, longe de ser uma anomalia, é a condição normal humana"
Encoberto de sorte e esperança, como era de prever, estava o Povo que acreditou no seu regresso físico. De nada lhes valeu as orações, as preces e tudo o que poderia ser feito, com recursos limitados, para o restabelecimento do Império. Vindo da profundidade do tempo, penetrando na realidade e infiltrando-se na vida de cada um, o Mito perdurou até hoje.
Loucos, os que acompanharam D. Sebastião.
Loucos, aqueles que, por não terem mastro onde se agarrarem, desejaram o seu regresso.
Loucos, os que não possuem o espírito aventureiro e destemido dos Portugueses de outrora.
Loucos, os que não dilatam o seu conhecimento.
Loucos, todos os que não acreditam numa futura mudança.
Loucos? Os que não têm sonhos.
Textos de Fábio Sá & Augusto Silva
2020