A pequena igreja de São João de Calvos foi o templo de uma freguesia medieval, cuja vitalidade não ultrapassou o fim da Idade Média.
Posteriormente integrada na atual freguesia de Lordelo, Guimarães, a capela é um bom testemunho do românico rural tardio, modesto e rude, maciço e artisticamente despojado, que caracteriza uma parte significativa da paisagem artística nacional durante os séculos XII e XIII.
A simplicidade da planta - obtida pela justaposição de dois retângulos, a nave e a capela-mor - e a extrema rudeza da construção, são características que reforçam o estatuto único desse românico tardio. A iluminação interior é diminuta, à base de estreitas frestas verticais. O arco triunfal é a parte melhor conseguida, de perfil duplo e já apontado, com impostas sem decoração e desprovido dos típicos capitéis românicos, o que revela uma cronologia já em pleno século XIII.

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Apesar da sua aparente genuinidade, o templo sobre alterações na época moderna, o portal principal foi modificado, suprimindo-se então o arco original (muito provavelmente também apontado), em benefício do lintel reto que agora observamos. Outras alterações sucederam-se neste tempo longo, como a deslocação de alguns silhares e sua adaptação no sentido vertical, quando na origem eram dispostos verticalmente, ou o entaipamento da fresta sobre o arco triunfal.
Praticamente em ruínas no século XX, quando o teto da nave cedeu e o espaço ficou descoberto, com grande perigo para as paredes e os cunhais, o templo foi restaurado na década de 70, pela DGEMN, que, na altura, aproveitou também para proceder a arranjos exteriores que lhe conferiram alguma dignidade cenográfica na paisagem envolvente.
A capela está classificada como Imóvel de Interesse Público desde o ano de 1955.
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Uma curiosidade: diz a lenda que o S. João, em determinada altura, se enfadou com a população, daí a capela apresentar-se de “costas” para o povo. De facto, à luz da entrada atual, a fachada do tempo encontra-se voltada para o lado oposto.