Pequenos monumentos religiosos, são um dos vestígios mais importantes da arte popular portuguesa.
Não há certezas acerca da sua origem, mas sabe-se que, a crença em deuses protectores dos caminhos e das encruzilhadas é muito antiga.
Antigamente as viagens eram muito perigosas e os viajantes procuravam a ajuda dos deuses para os livrar dos perigos que tinham que enfrentar.
Os antigos gregos, ao longo dos caminhos e das encruzilhadas, ergueram pequenos monumentos dedicados a Apolo, Hécate e Hermes (divindades protectoras dos viajantes).
Os Celtas também prestaram culto às divindades protectoras dos caminhos e encruzilhadas.
Os Romanos construíram pequenos altares nas encruzilhadas, principalmente, as que davam acesso aos campos de cultivo.
Os Lares Compitales, deuses das encruzilhadas, eram venerados, sobretudo pelos camponeses e pelos escravos. Mais tarde, o culto rural passou para os centros urbanos, erguendo-se altares, primeiramente, no cruzamento das povoações e nas margens das estradas.
Durante muito tempo pensou-se que substituíram os altares dos romanos. No entanto pensa-se que não há qualquer relação entre eles, porque e apesar da sua localização ser quase a mesma, expressavam mensagens diferentes. Enquanto os altares romanos tinham como finalidade a protecção dos campos e dos viajantes, "Elas" apenas pedem a oração dos que por "Elas" passam, em favor das almas do Purgatório.
Só a partir do século XV aparecem efectivamente as representações artísticas do Purgatório, antes só muito raramente aparecem e não têm um modelo definido.
O culto das almas e o fascínio que os caminhos e encruzilhadas sempre provocaram nas pessoas, contribuíram para que "Elas" ocupassem o lugar dos anteriores altares romanos, mas isto não explica que tenham tido origem nos referidos altares.
São uma das expressões mais originais da arte popular portuguesa e expressam a religiosidade do nosso povo.
Situadas à beira dos caminhos, nas bermas das estradas, nas encruzilhadas, na frontaria das casas ou dos pátios, encontram-se por todo o país, embora em maior número no Norte e Centro.