Vila Nova do Ceira
Vila Nova do Ceira é geograficamente a mais pequena freguesia do concelho de Góis, mas a mais densamente populada. Beneficia da terra extremamente fértil no vale do rio Ceira que se alarga por baixo da vila de Góis onde se junta com rio Sótão na Várzea Grande.
A geologia da área demonstra as fortes agitações pela actividade da glaciação há milhões de anos atrás – existem lugares onde se pode observar como a rocha foi dobrada pela imensa pressão dos glaciares e a área está cheia de grandes pedregulhos redondos e pedras do tamanho de uma bala de canhão que foram aproveitadas na construção dos edifícios locais.
A paisagem é feita de terrenos suavemente inclinados ao longo dos rios, onde ainda hoje se cultiva milho, vinhas e azeitonas que crescem em abundância. Os lados do vale erguem-se íngremes e são plantados com uma mistura de pinheiros e eucaliptos que são utilizados pela indústria florestal. No sudeste, muitas aldeias têm a vista para o espectacular cume da Peneda de Góis e no oeste para o Cerro da Candosa – o dramático desfiladeiro talhado pelo rio Ceira através do rochedo.
Geologia
As fragas quartzíticas da Nossa Senhora da Candosa, em Vila Nova de Ceira (Góis), onde se ergue uma capelinha, são um espectáculo magnífico. O rio Ceira corre aqui cerceado num pequeno canhão a 150 metros de profundidade.
Um dos aspectos marcantes na Cordilheira Central xistosa, é a presença de cristas quartzíticas que se destacam na paisagem, já por si montanhosa. Resultam fundamentalmente de erosão diferencial (esta rocha é muito mais dura do que a rocha encaixante, normalmente o xisto) mas também das forças tectónicas.
As fragas quartzíticas da Nossa Senhora da Candosa, fazem parte da crista que atravessa toda esta região e que se estende entre os Penedos de Góis e a Serra do Buçaco.
Por vezes as cristas quartzíticas, no território português, são atravessadas por rios: são exemplos notáveis esta Senhora da Candosa e as Portas do Ródão no rio Tejo.
O mar esteve na Nossa Senhora da Candosa à 440 milhões de anos (Ordovícico).
Os quartzitos são rochas muito duras, que foram formadas por areias ricas em quartzo, que se depositaram num mar pouco profundo em camadas paralelas e quase horizontais.Posteriormente os arenitos foram sujeitos a altas pressões e temperaturas sendo transformadas nestas rochas metamórficas: os quartzitos. Mais tarde as forças feéricas do interior da Terra vieram dobrar e inclinar estas bancadas.
Junto a Vila Nova do Ceira o curso do rio estrangula e este corre, ainda que fugazmente, em garganta apertada.
Os quartzitos, de tipo Armoricano, com as suas estruturas verticalizadas observadas na Senhora da Candosa e no Cabril do Ceira e as suas formas de relevo diferencial, produzem muitos exemplos notáveis de interesse geomorfológico, tonificando as paisagens com o cunho da sua imponência. As litologias quartzíticas, quando associadas a processos endógenos e exógenos propiciam, muitas vezes, grande singularidade de formas e de contrastes.
Desde o Piódão que o rio Ceira traça o seu percurso essencialmente em Xistos, criando vales pouco profundos e com vertentes suaves. Mas na zona de Serpins, tudo muda e surge a Garganta do Cabril do Ceira.
Quando o Ceira chega à Senhora da Candosa, o rio encontra rochas mais duras, quartzitos, que seriam impossíveis de transpor. O rio deveria contornar essas rochas, procurando traçar o seu percurso em direção ao Mondego. Porém, a ação da tectónica acabou por fraturar muitas das rochas duras, os quartzitos, e o Ceira aproveitou-se dessas fragilidades, criando a Garganta do Cabril do ceira.
Quase como entidade viva, o rio acabou por arrepiar caminho e atalhar pelos quartzitos, utilizando as zonas de falha e criando aquilo que os geógrafos chamam de "uma adaptação da rede hidrográfica à estrutura". O Rio adapta-se ao meio, transpondo as bancadas quartzíticas através dessas linhas, formando um vale em garganta profunda.
Fontes: LOCAIS DE INTERESSE GEOMORFOLÓGICO NO VALE DO CEIRA, PORTUGAL CENTRAL Armando F. ROCHA, Luís Gama PEREIRA, Pedro M. CALLAPEZ e Celeste R.GOMES
|
Vila Nova do Ceira
Vila Nova do Ceira is geographically the smallest parish in the municipality of Góis, but the most densely populated. It benefits from the extremely fertile land in the valley of the river Ceira that extends below the village of Góis where it joins the river Sótão in Várzea Grande.
The geology of the area demonstrates the strong upheavals of glaciation activity millions of years ago – there are places where you can see how the rock was bent by the immense pressure of the glaciers and the area is full of large round boulders and bullet-sized rocks. cannon that were used in the construction of local buildings.
The landscape is made up of gently sloping land along the rivers, where corn, vines and olives are still grown today. The sides of the valley rise steeply and are planted with a mixture of pine and eucalyptus trees that are used by the forestry industry.
In the southeast, many villages overlook the spectacular summit of Peneda de Góis and in the west, Cerro da Candosa – the dramatic gorge carved by the river Ceira through the rock.
Geology
The quartzite cliffs of Nossa Senhora da Candosa, in Vila Nova de Ceira (Góis), where a small chapel stands, are a magnificent spectacle. The river Ceira flows here, enclosed in a small canyon at a depth of 150 meters.
One of the outstanding aspects in the Cordillera Central schistose is the presence of quartzite ridges that stand out in the landscape, already mountainous. They mainly result from differential erosion (this rock is much harder than the host rock, usually shale) but also from tectonic forces.
The quartzite crags of Nossa Senhora da Candosa are part of the crest that crosses this entire region and extends between the Penedos de Góis and the Serra do Buçaco.
Sometimes the quartzite ridges, in Portuguese territory, are crossed by rivers: notable examples are this Senhora da Candosa and the Portas do Ródão on the Tagus River.
The sea was at Nossa Senhora da Candosa 440 million years ago (Ordovician).
Quartzites are very hard rocks, which were formed by sands rich in quartz, which were deposited in a shallow sea in parallel and almost horizontal layers. Later the sandstones were subjected to high pressures and temperatures being transformed into these metamorphic rocks: quartzites. Later the faerie forces from the Earth's interior came to bend and tilt these benches.
Next to Vila Nova do Ceira, the course of the river strangles and it runs, albeit fleetingly, in a narrow gorge.
The Armorican-type quartzites, with their vertical structures seen in Senhora da Candosa and Cabril do Ceira and their differential relief forms, produce many notable examples of geomorphological interest, toning the landscapes with the stamp of their grandeur. Quartzitic lithologies, when associated with endogenous and exogenous processes, often provide a great uniqueness of shapes and contrasts.
From Piódão, the Ceira river traces its course essentially in schists, creating shallow valleys with gentle slopes. But in the Serpins area, everything changes and the Garganta do Cabril do Ceira appears.
When the Ceira reaches Senhora da Candosa, the river encounters harder rocks, quartzites, which would be impossible to cross. The river should go around these rocks, trying to trace its course towards the Mondego. However, the action of tectonics ended up fracturing many of the hard rocks, the quartzites, and Ceira took advantage of these weaknesses, creating the Cabril do Ceira Gorge.
Almost like a living entity, the river ended up breaking through the quartzites, using the fault zones and creating what geographers call "an adaptation of the hydrographic network to the structure". The river adapts to the environment, crossing the quartzite benches through these lines, forming a valley in a deep gorge.
Sources: LOCAIS DE INTERESSE GEOMORFOLÓGICO NO VALE DO CEIRA, PORTUGAL CENTRAL Armando F. ROCHA, Luís Gama PEREIRA, Pedro M. CALLAPEZ e Celeste R.GOMES
|