Nos tempos das nossas avós, os lavadouros públicos, eram entre muita coisa, um ponto de encontro uma importante infra-estrutura comunitária. Quase todas as aldeias tinham um lavadouro, onde se juntavam as mulheres e raparigas, sempre em ambiente de amena conversa, com boatos e mexericos na ordem-do-dia e até mesmo a cantar. Ora, porque a língua não tem osso, e porque a conversa é coisa própria de quem tem fala, não havia sítio melhor para se trocarem dois dedos da mesma. Assunto, havia sempre, e caso não o houvesse, inventava-se que a invenção é algo bem humano. No tempo do bacalhau a 12$50 à posta, não havia maquinas de lavar roupa, muito menos lavandarias “modernices”, nesse tempo cada um cuidava da sua roupa e se é verdade que havia tanques próprios, era nos lavadouros que mulheres de todas as idades se entre-ajudavam a torcer cobertores, tapetes, e mais que fosse. A lavagem era uma tarefa bastante dura e ingrata, especialmente em dias de Inverno. Para além de repetitiva, exigia grandes esforços, desde o transportar a roupa à ida e à volta (ainda mais pesada), até ao ensaboar, esfregar na pedra áspera e desgasta. Depois de todo o processo era ainda necessário estender a roupa num sítio adequado para ficar a corar. Nesse tempo as crianças brincavam a saltar de tanque em tanque, aproveitando a abundância de água para chafurdar sem ouvir um ralhete. Era a altura do sabão, Clarim ou Migo, do Omo ou do Presto, não esquecendo a tradicional garrafinha de lixívia Javel, e o sabão azul e branco. Espero que este espaço traga de volta a lembrança “aos que pela idade já passaram” boas recordações, aos mais novos que vejam o protótipo das actuais lavandarias, e que neste lavadouro, possam sentir um pouco do passado recente.
Texto retirado e adaptado da antepassada cache aqui escondida por: ZarppaTeam