O regadio tracional no Minho tem origens perdidas no tempo. Representa uma partilha comunitária do recurso água de nascentes, minas ou ribeiros. Os proprietários dos terrenos destas bacias hidrográficas, denominados "Consortes", de acordo com os usos e costumes são os beneficiários legais do usufruto da água. A partilha é efetuada de acordo com as estações do ano e de um calendário solar. Isto é, nos períodos de maior calor, quando a água é mais necessária, a partilha da água é solidariamente distribuída pelos terrenos.
O regadio da Caramanha tem, hoje em dia, 15 consortes. Alguns consortes usufruem da água durante 12 meses, enquanto que outros apenas têm o direito atribuído durante o período crítico de verão. A água deste regadio tem origem numa "poça", ou seja, num depósito de água formado por uma pequena represa. A água recolhida nesta poça tem origem numa mina e em pequenas linhas de água que aqui afluem. O caudal da Caramanha oscila naturalmente ao longo do ano, sendo que, no verão ainda consegue assegurar cerca de 100 l/min. A manutenção da Caramanha, que implica a remoção de lixo, detritos e lamas acumulados ao longo do regadio, é assegurada anualmente por todos os Consortes, que se juntam no dia 20 de junho, para assegurar o seu funcionamento.
O regadio tradional, como o da Caramanha representa, ainda hoje, um papel importante na irrigação dos terrenos agrícolas e na economia familiar. Representam ainda uma organização comunitária muito relevante na gestão local do cada vez mais escasso, recurso da água. Tanto pela importância ambiental, como também pela importância comunitária, o regadio tracional representa um importante tesouro imaterial desta região.
Esta cache pretende assim realçar e homenagear o regadio tracional, instituído no Minho há tempos imemoriais!