O Rio Vez

"...Leiterallo cum suis hominibus, in portella de Vice". Este excerto de um documento de doação datado de 991, e da autoria do rei Bermudo II de Leão, é a primeira referência escrita relacionada com o Rio Vez, arcaicamente denominado Vice, essa verdadeira marca toponímica e de identidade do território; em torno do Vez evoluiu o presente nome, numa associação ao vale que o acompanha: Valdevez.
O Vez é assim um verdadeiro espelho da identidade arcuense. Nascido no interior do próprio concelho e num dos seus pontos mais altos, em plena serra do Soajo/Peneda a cerca de 1200 metros, percorre um trajeto aproximado de 36 quilómetros até à sua foz, no Lima, vendo evoluir uma paisagem que o Homem utilizou durante milhares de anos, aproveitando as áreas de regadio, fertilidade e proteção natural.
O Vez e os Poetas Arcuenses
Ó meu Vez! Desces da serra,
Sempre tão lesto, a cantar!
Vai devagar, olha a terra:
Não vês que fica a chorar?
António Ribeiro
Além de lindo, é artista
O meu Vez de encantamento:
Desenha tudo o que avista
Com gatafunhos de vento...
Orlando Codeço
Em teu lençol rendado, todo verde,
Sabendo que quem sabe não se perde.
Sob um céu todo azul, bênção divina,
Com um sol que redime e nos ensina.
Assim é que tu corres nos meus olhos,
Senhor do teu destino, sem escolhos.
Pagador de promessas, com franqueza,
Padrinho do nascer duma princesa.
Peregrino do tempo sem idade,
Ganhador do sinal da eternidade.
António Cacho
Sinto-me livre, fresco, auroreal,
Neste rio de sombra e de silêncio.
Nele descubro a força e as origens
Inevitáveis origens dos meus passos.
José Terra
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