Moinho de Sula e Penedos de Craufurd

Os moinhos são recordações intemporais das comunidades pré-industriais e eram essenciais para a sobrevivência das populações, ao permitirem a transformação dos cereais. Recorrendo à força manual, da água ou do vento, este tipo de equipamentos era comum na paisagem do Portugal medieval.
Tiveram um papel muito importante na história de Mortágua, devido à sua ligação com a batalha do Bussaco.
Um pouco de história
Este local emblemático da Serra do Buçaco, dominando a povoação de Sula foi construído entre os séculos XVII/XVIII.
Este local, em Setembro de 1810, serviu de posto de comando ao General Robert Craufurd, comandante das tropas Luso-britânicas que defendiam o flanco norte da serra.
Moinho de Sula há cerca de 100 anos atrás.
As tropas francesas, comandadas pelo Marechal Messena que marchavam em direcção à capital, encontraram grande resistência por parte das tropas anglo-lusas, com uma forte linha defensiva na Serra do Buçaco, organizada por Wellington.
Depois de serem derrotados na batalha de 27 de Setembro de 2010, os franceses contornaram o Buçaco por Boialvo, apanhando de seguida, a antiga estrada real em Avelãs do Caminho, em direcção a Coimbra. As tropas anglo-lusas, quando se aperceberam desta manobra, partiram em debandada para as Linhas de Torres, local onde efectivamente se conseguiram travar os intentos de Massena.
No local, pode-se encontrar o moinho, com um aspecto ligeiramente diferente do que se vê na fotografia e os rochedos que serviram de posto de observação a Craufurd. A paisagem, segundo as descrições da época, era menos arborizada, pelo que permitia observar de camarote os movimentos das tropas francesas.
Ao pesquisar dados para esta cache encontrei uma passagem de um livro de Júlio Dantas que partilho convosco.
(poderão ler o resto neste link):
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«Foi então que os homens de trabalho, sentados com o ferrador debaixo do telheiro, viram assomar na estrada, subindo pacificamente a encosta, sentado na alforjada de um jumento, um homem gordo, chambão, risonho como umas Páscoas, um lenço vermelho atado na cabeça, as pernas bamboando apertadas numas polainas de saragoça de varas, o capote pelos ombros, - tão salpicados de farinha, o burro, os alforjes e o homem, como se viessem debaixo de uma geada de Dezembro. Era o moleiro de Sula, que trabalhava por conta do convento e que seguia, com serenidade evangélica, o seu caminho.
- Tio João Rana! - jogou-lhe, à passagem, o ferrador. - Para onde vai vossemecê?
- Para onde vou? Vou para o moinho.
- Não vá, homem.
- Tenho lá muito trigo para moer. Só se vossemecê quer que o moinho venha ter comigo.
- Não vá, que vêm aí os franceses.
João Rana parou o burro, piscou os olhos, esfregou o nariz às costas da mão lanzuda, sacudiu uma risada e perguntou para a mafra do terreiro:
- Então, onde é que eles vêm?
- Não vê, além, o fumo?
- Vossemecê cuida que eles botam cá ao cimo da serra?
- São como os milhafres.
- Não têm barbas para isso. A serra é alta, e há por aí cada S. Judas de cada penedo, que em rebolando pela montanha abaixo acabam-se os franceses todos. - Querem vossemecês alguma coisa para o convento? Então, com sua licença, salve-os Deus.»
In O Moleiro de Sula, Júlio Dantas (Marcha triunfal, Lisboa, Bertrand, 1961)
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Penedos de Craufurd

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Algum cuidado nunca é demais e fica-nos bem...
Espero que apreciem o local.
Boas cachadas e obrigado pelas visitas...
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