“Ao raiar a
aurora do glorioso dia 1 de Dezembro de 1640, escrevia-se no Livro
do Destino a fundação de uma nova povoação neste lindo beira-mar de
Portugal”: Ribamar!
Ribamar, aldeia de tradição agrícola mas com
uma fortíssima ligação ao mar, nasceu na sequência da
construção do Forte de Santa Susana (sobre a arriba Sul da
praia de S. Lourenço, tendo entretanto adoptado o nome desta
praia), mandado edificar por ordem de D. João IV, para a
defesa da costa e do rio Safarujo (navegável, naquela época)
contra as incursões da esquadra do Duque de Maqueda, a mando
do Rei Filipe de Espanha, e de piratas argelinos e
tunisinos.
Este forte voltou a ter primordial importância durante a Guerra
Peninsular quando, entre 1809 e 1810, foram construídas as Linhas
de Torres, derradeiro reduto defensivo de Lisboa contra a terceira
vaga invasora do Exército Francês. A segunda destas linhas
estendia-se precisamente desde este forte, em Ribamar, até à zona
da Póvoa de Santa Iria, junto ao Tejo.
Continuou a
servir de aquartelamento até 1948, quando passou para a Guarda
Fiscal. Actualmente encontra-se desprovido de funções militares,
sendo utilizado como casa de férias pelos os funcionários da
Brigada Fiscal da GNR.
Logo desde os
primeiros tempos, a população que se fixou nesta zona começou a
aproveitar estas terras particularmente férteis para a agricultura,
através da desmatação da vegetação selvagem que cobria toda esta
região. A actividade agrícola foi, assim, a principal actividade
desta população durante séculos, apesar de nas últimas décadas ter
perdido parte da sua importância.
Actualmente a actividade económica local passa
também pela construção civil e pela restauração, com as
afamadas marisqueiras de Ribamar a representar um papel de
destaque.
A relação da população com o mar sempre tem sido muito forte,
tanto porque este serve de fonte alternativa de alimento, como de
local de lazer. É com grande frequência que se encontram pescadores
pelos mais variados recantos desta linda zona costeira, seja a
pescar com cana ou à “sertela” (arte de pesca tradicional que
permite capturar peixes, caranguejos e polvos debaixo das rochas,
com recurso a uma pequena cana com isco na ponta e uma rede
(“camaroeiro”).
Tradicionalmente,
as populações desta zona dirigiam-se ao mar nos dias em que as
marés atingem “vazias” particularmente extensas para, em família,
apanharem marisco, peixes e polvos, para depois cozinhar e comer
ali mesmo na praia, num grande convívio. Esta tradição alterou-se
com o correr dos tempos mas, mesmo assim, são muitos os que
aproveitam “as marés” para colherem no mar alguns dos seu frutos
que, depois, são transformados em verdadeiras iguarias!
Com a evolução
dos tempos surgiu uma outra actividade ligada ao mar: o Surf. Com
efeito esta zona da nossa costa foi desde há muitos anos“adoptada”
por inúmeros praticantes internacionais que, muito antes dos
Lusitanos, se aventuraram nesta prática.
Nessa altura já
tinham descoberto um “spot”, a que chamaram “Scorpion Bay”, e que
rapidamente ganhou fama por esse mundo fora - é a baía situada
imediatamente a NW desta cache.
Um outro local
que ganhou fama internacional é a Praia da Ribeira d'Ilhas. Desde
1985 é local de uma etapa do campeonato mundial de surf - World
Qualifying Series (WQS)
A cache:
Esta cache, “A
View To The West”, está escondida junto ao mar, sobre a arriba, num
local que proporcionará uma vista espectacular a quem a
visitar.
Aconselho que o
acesso até esta zona seja feito a pé, desde o miradouro sobre a
Praia da Ribeira d'Ilhas (N38º 59,204 W9º 25,091), descendo até
esta praia, e depois seguindo sempre os carreiros que existem sobre
a beira da arriba até ao local onde deverá começar a procurar a
cache.
Existem outras
hipóteses de aproximação, percorrendo percursos consideravelmente
mais curtos, mas deixo a decisão de qualquer trajecto alternativo à
opção de cada visitante. No entanto, caso façam uma aproximação
mais directa, recomendo que não percam a visita a este
miradouro.
Esta é uma
cache de tamanho regular, uma normal caixa de plástico.
Originalmente
continha, além de várias prendinhas, um conjunto de documentação e
mapas sobre o Concelho de Mafra que poderão ser levados. Agradeço
que deixem ficar sempre um exemplar de cada, após a sua
consulta.
Em sequência
com esta caçada, sugiro a continuação da caminhada pelo topo da
arriba até chegar às coordenadas iniciais da cache "
S. Lourenço Beach", no Forte de S. Lourenço. O
trajecto poderá ser realizado em BTT, passando por esta cache, até
à Praia de S. Lourenço, o que proporcionará uma experiência
lindíssima e alguns obstáculos naturais inexperados! Nesse caso
será preferível começar o passeio na Praia da Ribeira d'Ilhas e não
no miradouro.
Como
complemento à caçada, aconselho vivamente um repasto numa das
muitas marisqueiras desta terra.
Referências:
"Memórias de
Ribamar": Casal Ribeiro, 1932. Reedição, complementada, pela Escola
do 1º Ciclo de Ribamar, 1993.
"Guia do Concelho de Mafra" : Câmara Municipal de Mafra,
2000.