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Os Calvários Multi-Cache

Hidden : 12/26/2005
Difficulty:
2 out of 5
Terrain:
4 out of 5

Size: Size:   regular (regular)

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Geocache Description:


Introduction:

E: (see instructions below)

P:  

“Era pelos cerros velhos, ia por além. Vão lá os carros. Então ê andei trinta e seis anos nessa rebera!...Trinta e seis anos andei ê no contrabando. Isso é uma rebera malinha! Eram mais de mil tiros! Carabineros e guarda - fiscal, uns e outros.
Olhe, aqui de roda do monte tem aí uns vinte calvários…Pois! Cargas que perdi!
(…) Na minha presença mataram…você ouviu falar no Raposo? Mataram-no ali ao Moinho das Juntas!... (…) O guarda fez o tiro para ali e não matou mais porque não calharam. (…) Então não sabiam? Pois a gente passava por todo o lado! (…) Aí às juntas ajuntava-se o Margão com a Chança. E então vieram pelo cerro e a gente passava por baixo, eu ia passando com este cunhado que morreu, o Manéli… Passei o açude, pois ia assim por baixo e vejo (…) um carabinero a correr por cima, volto para trás, por cima do açude, se você visse os tiros, era só fogo, pá! Ê tenho aqui os sinais de uma bala, era de nôte, às quatro da manhã. Aqui passava-se munto. Além a Espanha, íamos a Valverde, Rubia, Lepes, Castelejo… Comecei aí aos 28.
(…) Levávamos tudo. Café. Assabão…Trazíamos açúcar. Era tudo. Os espanhóis não tinham nada!...Isso era despachado aqui de Santana.
(…) Aqui ganhava-se vinte escudos. Vinte para cá, quarenta! Íamos ali levar café à Mina da Isabel. Abalávamos daqui à boca da noite, mas nesse tempo íamos sempre a corta-mato, o caminho era raro fazer… (…) Quilómetros! Com trinta quilos! Vinte e tal léguas!... Então cheguei a trazer também cargas de ferro. Aqui compravam o ferro, pois!
(…) Passei tantas! Cheguei a estar das cruzes para lá oito dias sem comer, nem beber. Mamávamos o café e o açúcar, chupávamos…então não podíamos ir ao povo nem a parte nenhuma! (…) Entrava e saía de noite! Era uma vida triste! 

- José Afonso, 90 anos, Bens”

A geografia do medo

Por entre corgos, carreiros de cabras, no mais fundo dos barrancos ou pelos vaus das ribeiras, mas sempre de noite... A noite ocultava ao contrabandista as cargas individuais de trinta, trinta e cinco, às vezes cinquenta quilos de um fardo pouco variado porque, quase sempre, o café.
No tempo da “guerra de Espanha” também o açúcar, a farinha. Não havia serra acidentada, ribeira em enxurrada, pego fundo que o contrabandista não conhecesse e usasse para levar a sua carga. Vau de baixio com pouco mais de corpo ou choça abandonada. Nem guarda e jeito de andar na noite. Para o contrabandista a geografia da caminhada só tinha como obstáculo o “carabinero” ou o guarda-fiscal, no descuido do cheiro ou do acender do cigarro, do trilho trocado, da surpresa da ronda. De resto, tudo era feito à medida da vontade férrea de ter de levar a carga para trazer algumas moedas em troca ou carga mais valiosa para que lhe aumentasse o rendimento de fome que lhe alimentava a casa. Aguardentes e cognac’s, lingerie feminina de seda, vestidos e alparcatas, pesetas. Quase sempre um doce para os mais novos. Ao longo do seu caminho, vestia os passos de silêncio e conhecia de olhos fechados o sítio por onde tinha que passar ou deixar a carga para outro recolher. Os trinta e sete postos da guarda-fiscal que ponteavam a fronteira entre Alcoutim e S. Leonardo, no concelho de Mourão, nunca foram suficientes para impedir o contrabandista de procurar outras sortes. Se fosse preciso largava a carga e fugia. Largava ali quele pedaço de sonho para poder agarrar outras duas ilusões, três ou quatro noites mais adiante. E sabia fingir o medo quando pela noite o agarrava uma trovoada; ou a Lua cheia se destapava sem delongas, deixando-o a descoberto no meio de um descampado, sem ao menos uma raquítica azinheira para lhe dar uma frouxa mas suficiente sombra; ou o ladrar dos cães, na defesa dos montes isolados e assustados pelos lobos. Mas o corpo não vergava ao peso, às dificuldades do transporte, a noites e dias escondido às batidas ferozes das autoridades, à chuva... E quando, por entre os ramos ressequidos das estevas, contrabandista e carga se viam apreendidos, ao de cima vinha de novo o homem nas suas misérias e nos seus rudes trajes da sobrevivência esperando impávido a decisão do juiz. Alguns a terem de faltar no dia seguinte ao trabalho.

A noite de todos os sonhos

Um, dois, três, às vezes cinco dias, andando de noite e alimentando o sono durante o dia. Vinte, cinquenta, cem, duzentos quilómetros calcorreando caminhos de pé feito na ânsia da chegada. Pouco importava o tempo se o importante era chegar. A larga maioria tinha na actividade um complemento do seu trabalho. Na agricultura, nas minas. O contrabando dava dinheiro, mas um homem não podia ter aí o seu ganha-pão. Por dignidade, por ética, por opção. Quantas vezes essas pesetas eram para ajudar a fazer o enxoval para a filha. Ou para matar a fome àquela mão cheia de moços que rondava a casa. Não menos vezes para precaver o futuro de incerteza que alimentava os dias. Mas cada contrabandista tem o seu dia. Tem sempre um dia ao qual dá um sentido diferente à sua vida. Um dia em que a carga se foi na enxurrada. Outro em que o guarda-fiscal fechou os olhos ao sítio onde estava a carga. Uma noite em que por pouco os carabineros quase o apanharam... Mas todos os dias o contrabandista construía um dia de amanhã diferente. Prometia-se tudo aquilo que a imaginação lhe deixava como uma réstia de esperança de que a vida está muito mais além que fugir com dois sacos de café. Chegava a ganhar mais numa noite que na mina ou no campo durante dois meses. Mas depressa esse dinheiro desaparecia. Quantas vezes em pouco mais que duas quartas de carne, um pedaço de chouriço e uma meia de azeite...

in "Memórias do Contrabando em Santana de Cambas - Um Contributo para o seu Estudo
edição da Junta de Freguesia de Santana de Cambas (Mértola)

(Texto reproduzido com autorização do autor, Luís Filipe Maçarico – Escritor, Poeta e Antropólogo. Também me encontrei com o Presidente da Junta de Freguesia de Santana de Cambas, onde comprei o livro, expliquei o que é o geocaching, mostrei o receptor GPS, a cache e seu conteúdo e dei conta da minha intenção, tendo recebido indicações dos locais por onde se passava na actividade do contrabando e que, pudessem, nos tempos de hoje servir para um circuito pedestre. Fui, também, levado pessoalmente pelo Sr. José Rodrigues ao local onde está um “Calvário” do qual tirei fotos e registei as coordenadas. O meu muito obrigado público ao Escritor Luís Maçarico e ao Presidente José Rodrigues.)

 

The hunt

P:

Esta cache levá-lo-á a uma das zonas de passagem dos contrabandistas de tempos passados. Eram não mais que pessoas da terra e dos povos vizinhos que se dedicavam ao contrabando como uma forma de subsistência. Muitos perderam as cargas, alguns perderam a vida e poucos ou nenhum enriqueceu. Os Calvários são marcos que assinalam locais onde algum deles foi abatido. Os “calvários” também são locais onde perderam as cargas, seja por roubo, abandono ao fugir das autoridades ou o confisco por parte destas. Estes “calvários” apenas estão assinalados na memória colectiva do povo. 

Hoje, a livre circulação de pessoas, bens e serviços na UE veio “legalizar” o contrabando de outros tempos.

A multi-cache é constituída por 4 contentores de diferentes tamanhos, todo cheios de prendas (“mercadoria para contrabando”). Vá preparado com várias prendas.

No mapa que se mostra, está indicado o percurso aproximado a percorrer. São 4,5 kms que percorri em cerca de 2,5 horas para a colocação das caches. O terreno só pode ser percorrido a pé. Tenha cuidado, especialmente se levar crianças, com 2 buracos verticais de minas cuja localização indico no mapa.

 

E:

This cache will take you to an area of passages used by the contrabandists of past days. They were persons from the near villages who practiced contraband as a way to survive. Many lost their traffic, some lost his life and few or none became rich. The “Calvários” are landmarks to sign a place where someone lost his life. The “calvários” are also places where someone lost his stuff by being stolen, abandoned the stuffs to run away or because the stuffs were taken of by the authorities. These “calvários” localization are solely saved in the people’s memory.

Today, the free circulation of persons, goods and services in the EU “legalizes” the contraband of the past days.

This multi-cache is made up of 4 containers of different size, all with gifts (“merchandise for contraband”). Be prepared with several gifts. 

At the map showed, there’s indication of the approximate route to walk. It’s 4,5 kms that I walked in about 2,5 h to place the caches. The terrain can only be walked by foot. Be careful, especially if you have kids with you, with 2 vertical mine holes that I show in the map.

 

Cache Content:

All containers has a geocaching stashnote. In the back of the first 3, you’ll find the coordinates to the next step.
All containers has gifts
The final container has; Logbook, pen, 1 spare pen, 1 spare protection bag and gifts 

 

Don't forget: "Cache in, trash out" 


Additional Hints (Decrypt)

1) Va n penpx, pbirerq jvgu fgbarf. Ahzn enpun rager nf ebpun 2) Va gur tebhaq, arne na byq jnyy/cvyyne, pbirerq jvgu fgbarf. Ab puãb, whagb qr hz cvyne/cnerqr, pboregn pbz crqenf. 3) Va gur tebhaq, arkg gb n gerr gehax, pbirerq jvgu fgbarf. Ab puãb, cregb qr hzn áeiber, pboregn cbe crqenf. 4) Va n ubyr va gur ebpx, pbirerq jvgu fgbarf. Ahz ohenpb an ebpun, pboregb pbz crqenf. Yrnir rirel pbagnvare uvqqra nf qrfpevorq urer, cyrnfr! Svezyl pybfr rnpu pbagnvare. Cyrnfr... Qrvkr pnqn pbagragbe rfpbaqvqb pbzb qrfpevgb. Cbe snibe... Srpur svezrzragr pnqn pnvkn. Cbe snibe... Gnxr n cevag (cncre / qvtvgny) bs gur sbgb fubjvat gur trareny nern naq gur fhttrfgrq ebhgr. Yrirz hzn pócvn (cncry / qvtvgny) qn sbgb zbfgenaqb n áern r n ebgn fhtrevqn.

Decryption Key

A|B|C|D|E|F|G|H|I|J|K|L|M
-------------------------
N|O|P|Q|R|S|T|U|V|W|X|Y|Z

(letter above equals below, and vice versa)