
Esta cache deve o seu nome à figura de
Nuno Álvares Pereira que domina a esplanada
defronte do Castelo (ver fotos deste infra),
na antiga vila histórica de Ourém. Foi a partir
desta localidade que o «Santo
Condestável», terceiro conde de Ourém, partiu
para a
Batalha de Aljubarrota que, entre outros
feitos, o notabilizou pelo labor militar ao lado de D. João I,
nas campanhas face a Castela.
Mas é sobretudo à descendência do Condestável, mais do que ao
próprio, que é devido o desenvolvimento e monumentalidade
subsequentes de Ourém e do seu castelo. Assim, por alturas do seu
retiro para o Convento do Carmo, aos 62 anos, deu Nuno Álvares os
seus domínios de Ourém ao seu neto mais velho, Afonso, quarto conde
de Ourém, o qual ao instalar aí o seu séquito, defende a vila com
muralhas, constrói os torreões e o seu Paço, e em 1445 congrega as
quatro paróquias da vila na Colegiada de Nª Srª da Misericórdia que
se afirmou, nos quinhentos anos da sua existência, como o grande
centro espiritual e religioso de toda uma região, culminando em
1917 no fenómeno conhecido por «Aparições de Fátima».
O castelo de Ourém no seu estádio actual, um pouco à semelhança
do de Porto de Mós, distingue-se como exemplo de Paço senhorial -
fortaleza, de torres-baluartes avançadas, de diferentes alturas,
com traçado poligonal e lados oblíquos para melhor defesa dos
flancos, com remates em balcões munidos de matacães; carácter
mudéjar na ligação da torre de menagem ao castelo, no tratamento
das arcadas dos matacães e no rendilhado em tijolo do friso da
fachada norte do Paço que levaram a atribuir a obra a artistas do
norte de África. Provavelmente influenciado pela tipologia das
roccas italianas quatrocentistas, nomeadamente a Rocca
Sismonda de Rimini.
Como características particulares são de destacar ainda o passadiço
exterior, envolvendo o paço, sustentado por arcos quebrados de
tijolo sobre mísulas, fazendo lembrar bandas lombardas, técnica
raramente usada a norte do rio Tejo.

crédito da imagem:
pfig
Seria no entanto crasso erro resumir a história, o interesse e o
património de Ourém ao seu castelo, de resto de origem árabe muito
anterior. Antes disso ainda, a origem da localidade remonta ao
período neolítico, quando estas terras eram conhecidas por Abdegas;
passando depois a designar-se Aurem e finalmente Ourém em data
incerta.
O topónimo aparece pela primeira vez documentado no séc. XII
numa doação aos Templários do castelo de Ceras e seu termo, em
cujos limites existia um local assinalado com o nome “Portum
Ourens.” A tradição oral, essa insiste na ligação da mudança do
topónimo à lenda da Moura Oureana, por sua vez associada à invasão
árabe no séc. IX.
Ourém passa a integrar o domínio cristão quando tomada aos
mouros em 1136 por D. Afonso Henrique; este Senhorio foi doado a
sua filha, a rainha D. Teresa, que lhe atribui em 1180 o primeiro
foral; nasce assim um dos primeiros concelhos do País
(convencionou-se a data de 20 de Junho como data de atribuição do
foral, data que se celebra localmente com o feriado Municipal).
Sucede-lhe o foral de sentença de D. Manuel em 1515 e o foral
concedido pelo regente D. Pedro em 1695.
D. Pedro I eleva Ourém à categoria de Condado, atribuindo o
título a João Afonso Tello de Menezes; o 3º Conde seria então
Dom Nuno Álvares Pereira, o Condestável. Mas a história atinge o
seu auge com D. Afonso, 4º Conde de Ourém, um ilustre do séc. XV,
neto de Nuno Álvares e de D. João I, sendo que instala a corte em
Ourém, deixando importantes marcas da sua vida e obra na zona
histórica.

Ali repousa o Castelo de Ourém, com data de fundação imprecisa,
mas certamente muito antiga porque em 1178 já se falava de um
castelo com planta triangular. Este monumento nacional, exemplar no
domínio territorial, seria a alma do burgo amuralhado e erguido no
alto do morro de Ourém, por sua vez agraciado ainda com um Palácio,
uma Igreja Colegiada e Cripta, Fonte Gótica, Pelourinho,
ruas estreitas e paredes caiadas; tudo pormenores dados a
ver a quem hoje faça uma visita.
O terramoto de 1755 abateu-se fortemente sobre o velho burgo,
arrasando-o quase por completo e as invasões francesas também não
deixaram o concelho ileso. Mas o espírito dedicado e as mãos
laboriosas do Oureense devolveram-lhe um semblante
rejuvenescido.
Em 1841 a sede de concelho era transferida para o sopé do morro,
que em 1991 recebeu o título de cidade juntamente com a antiga
Ourém, passando ambas a constituir o «coração do concelho».
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