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Situado a pouco mais
de dois quilómetros do centro da Lousã, existe um castelo com
vista deslumbrante, uma piscina natural cuja água cristalina provém
de diversas nascentes da Serra circundante e um santuário único,
pela sua localização.
O acesso pode ser feito de carro a partir do centro da
Lousã.
A estrada está bem sinalizada e não é difícil chegar até o Castelo
- ponto de início para esta caçada. Uma vez lá, o estacionamento
deverá ser feito em N 40º 06.029' W 008º 14.138', nas sombras da
vegetação de grande porte que rodeiam o castelo, em especial
pinheiros e carvalhos.
O Castelo é uma fortificação construída no alto de um dos montes
da serra, com uma vista privilegiada e estratégica. Trata-se de um
castelo de defesa com uma torre principal maior do lado direito e
algumas menores do lado esquerdo.
O
CASTELO MEDIEVAL
Admite-se que a
edificação (ou reedificação) do Castelo de Arouce, também conhecido
por Castelo da Lousã, remonta a 1080, quando a povoação foi
pacificamente ocupada pelo conde Sesnando Davides, governador da
circunscrição conimbricense, cujo mandato lhe foi outorgado por
Fernando Magno, soberano que havia conquistado Coimbra aos mouros
desde 1064, trazendo a Reconquista cristã da Península Ibérica até
à região das serras da Estrela e da Lousã.
Conquistado pelos mouros durante a ofensiva de 1124, foi reocupado
e reparado por D. Teresa de Leão. Com a independência de Portugal,
passou a integrar a linha raiana do Mondego até 1147, quando da
conquista de Santarém e de Lisboa pelas forças de D. Afonso
Henriques (1112-1185), que a estendeu até ao Tejo. Nesse período,
aqui vinha passar o Verão a sua esposa, a rainha D. Mafalda de
Sabóia, com a sua corte. Na Carta de Foral que este soberano
concedeu a Miranda do Corvo (1136), faz alusão ao Castelo de
Arouce, que viria a receber o próprio foral em 1151. Mais tarde, em
1160, um novo documento alude à Lousã, distinta de Arouce, o que
demonstra que a antiga povoação romana voltara a ser ocupada com a
pacificação da região, prosperando de tal forma que recebeu foral
em 1207, sob o reinado de D. Afonso II (1211-1223).
Em algum momento do século XIV, foi erguida a torre de menagem do
Castelo. Sob o reinado de D. Manuel I (1495-1521) a Lousã recebeu
Foral Novo (1513), época a partir da qual o castelo medieval passou
a ser conhecido como Castelo da Lousã.
A Lousã e seus domínios foram senhorio dos duques de Aveiro até
1759, quando passaram para a Coroa portuguesa. A partir de então, a
acção dos elementos, a dos séculos e a de vândalos em busca dos
lendários tesouros de Arouce, causaram significativos danos ao
monumento, inclusive ameaçando a derrocada da Torre de Menagem.
Isto porque, devido a uma antiga lenda, à época da ocupação
muçulmana da Península Ibérica, o castelo foi erguido por Arunce,
um emir ou chefe islâmico derrotado e expulso de Conímbriga, para a
protecção de sua filha Peralta e seus tesouros, enquanto ele se
deslocasse ao Norte de África em busca de reforços contra as forças
cristãs que, cada vez mais, apertavam o cerco às terras
muçulmanas.
Os trabalhos de consolidação e restauro
No século XX foi classificado como Monumento Nacional por Decreto
publicado em 23 de Junho de 1910. A intervenção do poder público
iniciou-se em 1925, e novamente em 1939, quando lhe foram
procedidos trabalhos de conservação e reparação por parte da
Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Uma campanha
mais extensa teve lugar entre 1942 e 1945, e, outras, pontuais, nos
anos de 1950, 1956, 1964, 1971 e 1985. Esses trabalhos mantiveram o
monumento em bom estado de conservação até aos dias de hoje,
preservado numa paisagem florestal, que relembra os primórdios da
nacionalidade portuguesa.
Características arquitectónicas
O castelo, de pequenas dimensões, apresenta planta no formato
hexagonal irregular, no estilo românico e gótico. As muralhas, em
alvenaria de xisto, são reforçadas por três cubelos (um a Sudoeste,
e dois, menores a Oeste). Outros dois, semi-cilíndricos, flanqueiam
o portão de entrada, a sudeste. Atravessando-se este, abre-se uma
praça de armas com cerca 130 m2.
O topo das muralhas é percorrido por um adarve, defendido por
merlões chanfrados. Adossada à muralha, pelo lado norte, ergue-se a
Torre de Menagem, com planta quadrangular, ameada. Nela se rasga
uma porta em arco ogival, ao nível do adarve, com seteiras pelo
lado oposto, e mais duas portas no pavimento superior, em cada uma
das fachadas. É encimada por merlões
chanfrados. |