Foto de uma aguadeiro do Algarve (Foto retirada do blogue:genealogiadoalgarve.blogspot.com)
Procurar trazer ao conhecimento das gerações mais novas as condições de vida que os seus Avós levavam, por vezes, com sacrifício, é o propósito que me anima a escrever alguns apontamentos como o que se segue.
Nos anos trinta S. B. Messines não usufruía de uma rede de distribuição de água potável ao domicílio.
Agora abrir uma torneira e ver surgir água, tanta quanto a que queremos, é um gesto banal, mas os mais antigos porém, para beneficiarem de água em suas casas iam buscá-la aos poços existentes ou tinham de a comprar acondicionada em cântaros aos aguadeiros profissionais que então haviam.
Estes aguadeiros para fazerem o seu negócio, utilizavam um carro próprio para o fim em vista, o qual era puxado por um burrico. Eram estes carros formados por um estrado com a forma geométrica de uma grade rectangular, com um determinado número de espaços quadrados abertos, nos quais se acomodavam os cântaros com o bocal tapado por uma rolha de cortiça. Era gente esforçada, pois enchiam os cântaros utilizando a força braçal para elevarem a baldo a água dos poços onde se iam abastecer. Cheios os cântaros era vê-los seguir com o carro de porta em porta, carregando depois os cântaros ao ombro para a casa dos clientes.
De um me recordo chamar-se João Caetano que, com sacrifício, arrastando ligeiramente uma perna, lá ia fazendo o seu trabalho, pois adquirira uma hérnia que lhe provocava algum sofrimento.
Os poços onde se abasteciam, se bem me lembro, era o poço da Junqueira, o poço Alegre e o poço da Aldeia Ruiva. Quando a água escasseava nestes, abasteciam-se como recurso na fonte do Furadouro ou na Fonte do Chafariz do sítio da Calçada, ambos fora da povoação.
E para terminar refiro ainda outro poço existente, denominado "poço dos gatos", cuja água era imprópria para consumo e que se situava, para quem descia o Largo da República, ao fundo do seu lado esquerdo. Apenas aqui o refiro pela singularidade de possuir o chamado gargalo, de forma quadrada.
Assim, a este apontamento outros se seguirão relembrando usos e costumes da população de S. B. de Messines.
in: http://www.imprensaregional.com.pt
A cache: um container micro, necessário material de escrita