O Entroncamento é cidade e sede de concelho com 13,8 quilómetros quadrados e 18.174 habitantes (Censos 2001). Localiza-se no Vale do Tejo e pertence à Região Centro, sub-região do Médio Tejo. Situado no centro do Ribatejo, beneficia da sua inserção geoestratégica na região do Vale do Tejo e de boas acessibilidades ferroviárias e rodoviárias. Tem duas freguesias, uma de cada lado da linha férrea que atravessa o concelho. Confina com o concelho da Golegã a sul, com o de Torres Novas a poente e a norte, e com o concelho de Vila Nova da Barquinha a nascente. Dista 7 km de Torres Novas, 19 km de Tomar, 43 km de Santarém e 120 km de Lisboa.
Nasceu em meados do séc. XIX, com os alvores da construção ferroviária, e começou por ser uma simples estação de caminhos de ferro. Por perto existiam dois lugarejos de poucos habitantes (o Casal das Vaginhas e o Casal das Gouveias), onde se vieram estabelecer os primeiros trabalhadores. Os técnicos eram, na sua maior parte, estrangeiros, a mão de obra veio, numa primeira fase, de diversos pontos do país, depois acentuou-se o afluxo de trabalhadores vindos da Beira Baixa e Alentejo.
O nome da cidade deriva do entroncamento ferroviário que aqui se formou, com a junção das Linhas do Norte e do Leste, em 1864. Charneira das ligações com o Leste e Beira Baixa, a estação do Entroncamento foi, durante décadas, ponto de paragem obrigatória para quem mudava da linha do Norte para a do Leste e vice-versa, quando o comboio era o meio de transporte mais utilizado. Nesse tempo, muitos viajantes ilustres vindos da Europa pela Linha do Leste, ou fazendo o percurso inverso, almoçaram ou jantaram no restaurante da estação. Nas suas obras literárias, vários escritores se lhe referiram: Hans Christian Andersen, Ramalho Ortigão, Eça de Queiroz, Alberto Pimentel, Luzia (pseudónimo de Luísa de Freitas Lomelino) e Eduardo Meneres.
A estação do Entroncamento conheceu figuras da cena política, desde a realeza até ao pós-25 de Abril. Assistiu, em 1915, ao atentado a João Chagas, político e jornalista, que seguia para Lisboa para assumir a direcção de um novo governo, após a ditadura do general Pimenta de Castro.
Embora pequena, a povoação nascente pertencia a duas freguesias e a dois concelhos, porque a via férrea assim determinara: a poente das linhas, situava-se na freguesia de Santiago, concelho de Torres Novas, a nascente da via, o território pertencia à freguesia de Nossa Senhora da Assunção da Atalaia, concelho de Vila Nova da Barquinha.
A pequena aldeia foi crescendo, devido ao desenvolvimento dos transportes ferroviários e às respectivas estruturas de apoio aqui construídas – oficinas e escritórios. A instalação de aquartelamentos militares, a partir de 1916, determinada pela situação geográfica e as acessibilidades ferroviárias, aumentou ainda mais a importância estratégica deste lugar em pleno desenvolvimento e, consequentemente, aumentou também a população. Aos ferroviários vieram juntar-se os militares e respectivas famílias.
Em 25 de Agosto de 1926 a povoação foi elevada a freguesia, em 1932 a vila e em 24 de Novembro de 1945 foi promovida a concelho. Aos 20 dias do mês de Junho de 1991 o Entroncamento é elevado a cidade. Entre estas datas, o percurso foi de emancipação progressiva dos concelhos a que tinha pertencido, libertando-se, em primeiro lugar, de Torres Novas e depois da Barquinha. Ser, no mesmo século, aldeia, vila e cidade talvez seja um destino pouco comum na história das terras portuguesas.
Do pequeno núcleo de operários e respectivas famílias que povoaram esta terra no final do século passado, chegou-se aos anos trinta com mais de 3.000 habitantes, em 1945 eram já 8.000 e esta progressão foi continuando ao longo do tempo. Em Março de 2005, estima-se a população actual em cerca de 18.780 residentes (cálculo efectuado com base no número de eleitores, multiplicado pelo índice 1,2). O aumento populacional e a expansão contínua da área habitada justificaram que, em 2003, fosse criada uma segunda freguesia (Lei 68/2003, de 26 de Agosto). Voltou-se, assim, à situação inicial: uma freguesia a poente da via férrea (Nossa Senhora de Fátima), a outra a nascente (São João Baptista), mas as duas pertencendo agora ao concelho do Entroncamento.
A taxa de crescimento demográfico desta localidade, entre 1981 e 1991, foi de 18,8%, a mais elevada do Médio Tejo, contrariando a tendência geral nesta região para um declínio acentuado da fecundidade e acentuado envelhecimento populacional. De 1991 a 1996, a população aumentou de 14.226 habitantes para 15.500, com uma taxa de crescimento mais baixa do que nos anos anteriores (9%), mas que fez do Entroncamento o concelho do Médio Tejo com maior densidade populacional. O número estimado para a população actual (18.780) não contempla os residentes recenseados noutras localidades nem a população flutuante, dependente de trabalhos temporários. Efectivamente, é tido como certo que o Entroncamento tem mais de 20.000 habitantes.
Nos anos quarenta do século XX, o Entroncamento era, depois do Barreiro, o segundo meio operário do país, representando o operariado mais de metade da sua população. A CP dotara a povoação de uma série de estruturas de apoio social, de uma dimensão talvez única a nível nacional, criando bairros para os empregados, uma escola, um armazém de víveres, um dispensário anti-tuberculoso que funcionava como um centro de saúde, e ainda fomentava actividades desportivas. Paralelamente, com a evolução das tecnologias e o desenvolvimento das actividades ferroviárias, ia expandindo a área oficinal e reforçando a formação de pessoal, que teve o seu ponto alto na criação de um centro de formação, hoje designado por FERNAVE, um enorme edifício criado de raiz para estas funções, e que albergou o Instituto Superior de Transportes.
A partir dos anos setenta, devido a alterações conjunturais ditadas pela história e pelo passar do tempo, esta situação inverteu-se. Com a gradual substituição da tracção a vapor pelo equipamento diesel e eléctrico e a introdução de novas tecnologias, assistiu-se à diminuição da mão de obra e à implementação de novas profissões, surgiram outros centros de interesse e de actividade profissional. Hoje, o Entroncamento ainda tem muitos residentes ligados profissionalmente aos caminhos de ferro, mas sem a dimensão do passado. As principais actividades do concelho são agora o comércio e serviços, e indústrias ligadas à construção civil. Dados recentes, do INE, sobre o poder de compra concelhio em 2004, apresentam o Entroncamento como o concelho que evidencia maior poder de compra no distrito de Santarém.
Neste novo quadro social e económico, a matriz primeira do Entroncamento não foi esquecida. Consciente das suas raízes e da importância do seu complexo ferroviário na história dos caminhos de ferro portugueses, a 24 de Novembro de 2004, data de aniversário da fundação do concelho, a cidade acolheu com entusiasmo e expectativa a apresentação da proposta preliminar de ordenamento (revisão do plano director) do Museu Nacional Ferroviário Armando Ginestal Machado e da Fundação que o vai gerir, sua legítima aspiração desde os anos setenta do século passado que já se encontra totalmente construida sendo actualmente uma referência da cidade a todos quantos a visitam.
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